Um mapa da homofobia na cidade de São Paulo, divulgado nesta terça-feira (13) pelo Portal G1, traça um panorama da violência e do preconceito contra o público LGBT na capital paulista na última década. O levantamento reúne números alarmantes de ocorrências registradas na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), a única especializada neste tipo de delito em toda a cidade.
Segundo o mapa do G1, nos últimos 10 anos foram registrados 393 boletins de ocorrência motivadas por homofobia na Decradi de São Paulo. O mapeamento traçou o perfil das vítimas e mostra detalhes como o ano, a localidade, a natureza da ocorrência, o sexo e a idade das vítimas. O levantamento inédito permite ainda identificar onde ocorrem os casos de homofobia na Grande São Paulo.
De acordo com a pesquisa, do total de boletins de ocorrência feitos de 2006 a 2016, 219 viraram inquérito na delegacia especializada – 55% do total. A situação fica ainda pior porque a homofobia ainda não se enquadrada como crime no Brasil. As denúncias são classificadas de acordo com a tipificação do crime correlato, sendo registradas como injúria, ameaça, lesão corporal, constrangimento ilegal, entre outros.
O prefeito de Lins (SP), Edgar da Silva (PSDB), afirmou que a divulgação do mapa ajuda mensurar o tamanho do problema e, assim, encontrar soluções para ele.
“Os dados ajudam a materializar aquilo que a gente tem visto em todos os cantos, que a homofobia existe, machuca, mata e tortura as pessoas. O crime de ódio seja ele homofóbico, misógino, racista acontece com muita frequência, mas temos dificuldade de mensurar por falta de esforços em combate-los”, disse.
O tucano enfatizou a frequência dos delitos contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis e a urgência em transformar a LGBTfobia em crime.
“Assim como o Brasil teve coragem de criminalizar o preconceito pela questão racial e depois, mais recentemente, o feminicídio, por que não criminalizar também a LGBTfobia? O que falta para a homofobia virar crime é sensibilidade e compromisso com a vida”, declarou.
Segundo o prefeito, existe um movimento no Supremo Tribunal Federal que pede a equiparação do crime de homofobia ao crime de racismo. “Existe uma ação no STF que está para ser julgada onde a gente pede que a lei de racismo seja aplicada também para a homofobia. O que nós queremos é uma sociedade de tolerância e respeito. Não estamos pedindo para ninguém concordar, mas se a gente conseguir pelo menos o respeito já é um grande avanço”, completou.
Sobre a falta de delegacias especializadas no segmento, Edgar acredita que a situação melhorou, mas ainda está muito longe do ideal. “Entre os países democráticos nós somos os campeões em assassinatos de homossexuais. É preciso mudar essa realidade. Temos que vencer a violência. O Brasil tem um histórico cultural de violência que precisa ser mudado”, concluiu.
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