Em entrevista à “Rádio JC News” nessa quarta-feira (29), o líder do PSDB da Câmara, Carlos Sampaio (SP), voltou a questionar a viagem da presidente Dilma e da sua comitiva a Portugal no último sábado. O deputado destacou também os assuntos de interesse popular que aguardam votação na Casa, a omissão dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, em relação à situação do presídio de Pedrinhas, no Maranhão, e as manifestações que agitaram o país em 2013.
Viagem de Dilma a Portugal
O líder voltou a criticar a parada da comitiva presidencial em Lisboa, que não constava na agenda de Dilma. Sampaio reprovou a justificativa oficial de que a parada técnica foi decidida de última hora. Conforme destacou, a reserva no restaurante onde a comitiva jantou foi feita dois dias antes. Para o tucano, Dilma mentiu.
“O dinheiro é dela e ela faz o que ela quiser com ele. O que nós questionamos é que, sem nenhum interesse público, a presidente se hospedar no melhor hotel de Lisboa e pagar o equivalente a R$ 28 mil, mais de 30 salários mínimos para dormir uma única noite quando milhares de brasileiros vivem com um salário mínimo para o mês todo. Para que dormir neste hotel e deixar de dar um exemplo ao país quando a embaixada brasileira estava à disposição dela? Para que faltar com a verdade? Não é postura de um chefe de Estado”, destacou.
Votações na Câmara
De acordo com Sampaio, diversos assuntos de interesse da sociedade aguardam votação na Câmara. Segundo ele, a presidente Dilma tem impedido o funcionamento da Casa com a apresentação de projetos de lei de urgência constitucional nos últimos meses.
“O fator previdenciário, a questão dos agentes de saúde, o projeto das 30 horas para a enfermagem, a proposta das 40 horas semanais e a PEC 300 são alguns dos temas de alcance popular. No entanto, todos eles estão obstados porque a presidente Dilma apresentou de novembro para cá vários projetos de lei de urgência constitucional que passam a ter prioridade sobre os demais, nenhum outro pode ser votado. Ela impede o funcionamento da Câmara”, apontou.
Presídio do Maranhão
A crise do presídio de Pedrinhas no Maranhão tem sido tratada com descaso pela governadora do Estado, Roseana Sarney, e pelo governo federal. Essa é a avaliação de Sampaio. O deputado condenou a omissão dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, em relação ao assunto.
“No Maranhão o que se percebe é um total desdém com o tema. A governadora não priorizou o assunto. O ministro da Justiça também ficou inerte. A ministra Maria do Rosário nunca teve uma atuação firme nessa questão. Ela se omitiu por conta de uma vinculação partidária da presidente Dilma com a família Sarney e na verdade permitiu que houvesse estupros consecutivos”, ressaltou.
“As mulheres que iam visitar os presos eram obrigadas a ter relações sexuais com outros presos. Isso é fato notório há mais de dois anos e os ministros não tomaram nenhuma medida. A gente não pode permitir que a política de direitos humanos tenha vinculação partidária”, completou.
Manifestações populares
Para o líder do PSDB, o movimento popular que tomou as ruas do país no ano passado foi um dos mais importantes movimentos apartidários com implicações políticas na história do país. “A classe política resolveu se mexer e percebeu que a indignação era generalizada com o proceder dos políticos, com a falta de ética, com a falta de entusiasmo para combater a corrupção”, declarou.
O tucano lamentou que as manifestações pacíficas sejam confundidas com a ação de marginais. “Nós não podemos confundir a movimentação cívica, popular e democrática com a ação de ‘black blocks’, de arruaceiros, de criminosos que infiltrados acabam interferindo nesses movimentos cívicos. Os bons cidadãos têm o receio de serem confundidos com os marginais que estão lá para depredar e destruir o patrimônio público”, apontou.