Brasília (DF) – Em meio a uma das piores crises já enfrentadas pelo país, a indústria brasileira continua em queda livre. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (4), a queda de 11,4% na produção industrial em março, em relação ao mesmo mês de 2015. Na comparação anual, é o 25º recuo consecutivo, indicando o pior primeiro trimestre do setor desde 2009, quando caiu 14,2%.
De acordo com o jornal O Globo, nos três primeiros meses do ano, a indústria acumulou queda de 11,7%. Segundo o órgão, o setor está produzindo o mesmo que em janeiro de 2009 (durante a crise financeira global) e 20,5% abaixo do pico da série, registrado em junho de 2013.
Na avaliação do ex-presidente do Núcleo Sindical do PSDB, deputado estadual Antônio Ramalho (SP), o cenário crítico da indústria é reflexo da falta de credibilidade do governo da presidente Dilma Rousseff. “O empresário não investe em um país que não inspira confiança. É possível governar sem popularidade, mas sem credibilidade é impossível. Não há como avançar se não houver investimento”, afirmou.
Ramalho destacou que o período de dificuldade impacta diretamente na vida do trabalhador, aumentando, a cada dia que passa, o número de desempregados no país. “Já são mais de 11 milhões de pessoas que perderam seus empregos. Apenas no setor da construção, há uma redução de 13% no indicador. Ou seja, é o trabalhador que sofre. O empresário não investe por medo e o consumidor não consome pelo mesmo motivo. É lamentável”, ressaltou.
Expectativas
Segundo a publicação, as projeções para a produção industrial no Boletim Focus do Banco Central, que reúne as principais estimativas do mercado, pioraram, no último mês, para -5,83%. Nas contas do economista Silvio Salles, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para que a retração da indústria se limite a 5%, é necessário que, a partir do resultado de abril, a produção cresça 0,7% todo mês sobre o mês anterior até dezembro.
Para o deputado, com a iminência do afastamento de Dilma, no próximo dia 12, o cenário econômico deve buscar a estabilização. “Se o Brasil voltar a crescer, se criarmos alguma motivação para girar a roda do desenvolvimento, o resto fica mais fácil. Agora, do jeito que está, com o país engessado, como vamos pensar em crescimento? Acredito que a mudança de governo deve trazer de volta a credibilidade ao país”, concluiu.


