Nesta segunda-feira, 21, primeiro dia da internação involuntária de dependentes químicos em São Paulo, muitos familiares compareceram ao Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas) em busca de uma solução definitiva para um problema que, muitas vezes, se arrasta há anos.
“Estou procurando internação para ele porque não aguento mais. Imploro pela internação, para ele se recuperar”, desabafa dona Vitória, mãe de um dependente químico de 32 anos. A mulher conseguiu convencer o filho a buscar ajuda no Cratod.
A história de Vitória se repete em muitas famílias, mas, na maioria dos casos, é difícil conseguir o apoio do dependente. Ana Paula chegou ao Cratod buscando tratamento para o pai, de 62 anos, que vive nas ruas e é usuário de crack. Ela precisou colocar calmantes no café da manhã para conseguir levá-lo ao Centro.
Segundo o coordenador de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Antônio Carlos Malheiros, a ação de pronto-socorro do Cratod será realizada por prazo indeterminado, “socorrendo pessoas que estão aqui, principalmente na região central”. Para o desembargador, “a internação compulsória será exceção”.
A secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania, Eloísa Arruda, revelou que pessoas em situação comprometida de saúde, sem capacidade de decidir seu próprio destino, podem, neste primeiro momento, ser levadas para o pronto-socorro. “A partir daí, será questionado se ela quer permanecer internada. Se o médico constatar que ela precisa ser internada e ela, ainda assim, insistir em não aderir à internação, será acionado o sistema de Justiça”.
Para Vera Lúcia, é muito complicada a convivência com o filho de 18 dependente químico. “A prisioneira sou eu. Não quero mais vê-lo do jeito que ele está, ele me olha como um monstro, não fala comigo.”
Do Portal do Governo do Estado