Parlamentares do PSDB avaliam que a prisão de condenados pela Justiça por envolvimento no mensalão surge como uma esperança para o fim da impunidade no país. Deputados encaram a execução das penas como a resposta aos anseios da população: ver atrás das grades aqueles que surrupiaram os cofres públicos. Por outro lado, os tucanos chamam atenção para o risco de políticos presos terem os mandatos mantidos. Eles cobram a perda automática do cargo em casos como o do petista José Genoino (PT-SP), detido no final de semana.
Para o líder do partido na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), a prisão dos mensaleiros “é uma resposta bem dada àqueles que duvidaram da justiça e apostaram que o processo do mensalão viraria pizza”. Segundo ele, a detenção dos condenados no dia em que se comemora a proclamação da República foi simbólica. “Afinal, foram presos aqueles que se uniram numa quadrilha para comprar votos, malversar o dinheiro público e afrontar os mais elementares princípios da nossa República”, disse.
O deputado afirmou em suas redes sociais que continuará na luta pela perda automática do mandato de parlamentares presos. “Não podemos permitir que se repita o vergonhoso episódio em que a Câmara, sob o manto do voto secreto, deixou de cassar um deputado sabidamente criminoso”, afirmou, ao lembrar que em agosto a Câmara votou pela manutenção do mandato do deputado Natan Donadon, preso na Papuda.
Sampaio tem uma reunião na quarta-feira (20) com o ministro do STF Luís Roberto Barros para defender a necessidade de o Supremo apreciar rapidamente o mandado de segurança impetrado por ele e cuja liminar, para suspender a votação da Câmara que manteve o mandato de Natan Donadon, foi concedida em setembro por Barroso.
Para Antonio Imbassahy (BA), a prisão dos mensaleiros tem a aprovação da maioria esmagadora da população. Segundo ele, o tribunal julgou o caso com absoluta isenção. “Colocar na cadeia lideranças do PT, banqueiros, empresários e pessoas de grande influência é um sinal claro de que a impunidade pode estar acabando no Brasil. Significa um passo importante para nossa democracia”, afirmou.
O tucano também defendeu a perda automática de mandato. “Se os deputados foram condenados pela mais alta corte do país, não há como manter os direitos políticos. O que não pode é ter pessoas exercendo o cargo de deputado federal na cadeia”, disse.
Com as prisões do fim de semana, o deputado licenciado José Genoino entrou nessa esdrúxula situação de político e presidiário. Ele está entre os 12 mensaleiros que tiveram as prisões decretadas pela Justiça federal. Nesta segunda-feira (18), outros sete mandados de prisão devem ser expedidos pelo Supremo. Entre eles, os dos deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). “É vergonhoso ser preso depois de condenado pela Justiça e o regimento da Câmara permitir que permaneçam no mandato”, criticou Raimundo Gomes de Matos (CE).
O tucano afirma que o país precisa ser passado a limpo. “No momento dessas decisões, recuperamos nossa credibilidade e a classe política também ganha porque o Brasil estava sendo considerado o país da impunidade”, destaca. Pelo Twitter, o 1º secretário da Câmara, deputado Marcio Bittar (AC), disse que “a condenação e prisão dos envolvidos no mensalão é um remédio, amargo para alguns, e uma imensa esperança para o país de que a lei é para todos”. Já o 1º vice-líder do PSDB, deputado João Campos (GO), afirmou que o Brasil está mudando. “Aqui, lugar de corrupto é na cadeia”, disse.
Além de Genoino, foram presos o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu; o operador do esquema, Marcos Valério; o ex-dirigente do Banco Rural, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas; José Roberto Salgado; a ex-presidente do Banco Rural, Katia Rabelo; o ex-deputado pelo PTB, Romeu Queiroz; os ex-sócios de Valério, Ramon Rollerbach e Cristiano Paz; e a ex-funcionária dele Simone Vasconcelos. O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato está foragido na Itália.