Em pronunciamento nesta segunda-feira (13), o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) reiterou que o governo não vem reagindo à altura ao crescimento da inflação, independentemente da proclamada intolerância com a alta dos preços pela presidente Dilma Rousseff.
Aloysio Nunes Ferreira disse ainda que a industrialização brasileira, construída ao longo do século passado, vem sendo desmantelada “sob a égide de um partido que se diz dos trabalhadores, e que tem como sua principal figura alguém que foi líder dos trabalhadores da indústria paulista”.
– O que vejo do lado do governo é apenas um tratamento de curto prazo, uma ótica míope em navegação de cabotagem, sem enxergar um amplo horizonte e sem traçar uma estratégia consistente para combater a inflação e colocar o Brasil no rumo do crescimento – afirmou.
Aloysio Nunes Ferreira lembrou que a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 6,59%, acima do teto do Conselho Monetário Nacional, além da crescente desconfiança da população e dos agentes financeiros quanto ao recuo dos preços.
– O Brasil tem hoje a conjugação de duas situações extremamente nefastas e preocupantes: inflação alta e produto interno bruto (PIB) raquítico – afirmou.
Aloysio Nunes Ferreira observou que o déficit registrado nas contas externas mais do que dobrou no primeiro trimestre de 2013, saltando de US$ 12 bilhões para US$ 24,9 bilhões, o que constitui o pior resultado desde 1947, quando teve início esse tipo de registro.
O senador observou que há quem considere que o investimento não cobrirá o rombo nas contas externas do país este ano, pois os investimentos estrangeiros que vinham financiando o déficit em transações correntes foram 11% menores que no primeiro trimestre de 2012.
Aloysio Nunes Ferreira disse ainda que as contas externas refletem também o fenômeno da desindustrialização do Brasil. Há 25 anos, a indústria de transformação brasileira correspondia a 25% do PIB , e hoje corresponde a menos de 15%, lembrou.
– Isso tem um reflexo brutal na nossa competitividade, na capacidade de inovação do nosso país, na qualidade dos empregos que são gerados. E o Brasil vai ficando para trás – afirmou.
Em aparte, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) manifestou apoio a Aloysio Nunes Ferreira, e disse que o fraco desempenho da economia pode afetar a geração futura de empregos.
Herói da Pátria
Em seu pronunciamento, Aloysio Nunes Ferreira também saudou os 125 anos de abolição da escravatura, comemorados em 13 de maio, e anunciou a apresentação de projeto de lei para a inscrição do nome do abolicionista Luís Gama (1830-1882) no Livro dos Heróis da Pátria. A iniciativa foi saudada pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT).
Nascido de uma escrava livre, mas vendido aos 10 anos de idade como escravo pelo próprio pai, Luís Gama destacou-se posteriormente como poeta, literato, político e jornalista. Ele também se formou em Direito, na Faculdade do Largo do São Francisco, em São Paulo, e foi um dos mais combativos defensores de escravos perante a Justiça.
Embora tenha sido abolida legalmente em 1888, Aloysio Nunes Ferreira observou que a escravidão era considerada ilegal desde 1831, quando a Inglaterra impôs essa condição para o reconhecimento da independência do Brasil.
Com informações da Agência Senado e Liderança do PSDB no Senado