Impedidos de entrar portando faixas ou com camisetas alusivas ao movimento na área reservada para o público, no centro de Rio Pardo de Minas, cidade de cerca de 30 mil habitantes no norte mineiro, os ativistas apelaram para a discrição. Entraram sem alarde, se agruparam à esquerda do palco e, quando Dilma iniciou seu discurso, começaram a gritar palavras de ordem. Seguravam cartazes de papel, improvisados com tinta hidrocor e papel, que tinham trazido escondidos. “A greve continua/Dilma a culpa é sua” foi um dos estribilhos que repetiram os ativistas, de instituições de ensino da região que aderiram à paralisação e também da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG).
A presidente procurou manter a calma e evitou olhar na direção dos manifestantes, que foram cercados por PMs e seguranças da Presidência. Defendeu, porém, indiretamente, sua política para enfrentar a greve do funcionalismo. “Este é um País que tem de ser feito para a maioria de seus habitantes. Não pode ser feito só para uma parte deles”, disse, entre as vaias dos cerca de 40 ativistas e aplausos de centenas de pessoas.
“Tem de olhar o que é mais importante para o País atender. Hoje, estamos enfrentando uma crise no mundo. O Brasil sabe que pode e vai enfrentar a crise e vai passar por cima dela, assegurando empregos para todos os brasileiros. O que o meu governo vai fazer é assegurar empregos para aquela parte da população que é a mais frágil, que não tem direito à estabilidade”,continuou, referindo-se, sem mencioná-los explicitamente, aos servidores. “(A parte) Que sofre porque pode ser muitas vezes desempregada. Não queremos isso. Queremos todos os brasileiros empregados, recebendo seus salários e recebendo serviços públicos de qualidade.” Depois de pouco mais de 10 minutos, a presidente encerrou o discurso dizendo-se “sempre muito feliz com essa forma tão amigável como Minas recebe a gente”.