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Idosos: ineficiência do Poder Público é inimiga

Há um ano, a administração municipal divulgou um plano com as metas a serem cumpridas até 2016. Constam na relação alguns itens voltados ao bem-estar e atendimento da terceira idade, como a implantação de 8 novas Unidades de Referência à Saúde do Idoso (URSI), 15 Centros Dia (equipamento social destinado à atenção diurna de idosos em situação de dependência), 5 unidades de Instituições de Longa Permanência do Idoso (ILPI), a criação da Universidade Aberta da Pessoa Idosa do Município e, por fim, o desenvolvimento de uma campanha de conscientização sobre violência contra a pessoa idosa.

Passado o primeiro ano de mandato do prefeito, fica claro que os idosos definitivamente não são sua prioridade. Apenas uma das promessas saiu do papel: a Universidade Aberta. E com ressalvas: muitos alunos têm dificuldade em acompanhar as aulas, evidenciando um sistema de ensino questionável, e as atividades oferecidas estão em desacordo com as realizadas pelos idosos anteriormente, interrompendo a continuidade do aprendizado.

Nenhuma das ações mencionadas foi implantada efetivamente, em um sinal de total descaso diante das reais necessidades desses cidadãos.

Nesse mês, foi publicado um levantamento apontando uma explosão no número de denúncias de violência doméstica contra o idoso no estado de São Paulo. Os dados referem-se aos anos de 2011 a 2013. No período, as ligações feitas por paulistas ao Disque 100, programa de delação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, cresceram 612%. Apenas no ano passado, foram 6.553 denúncias, sendo 31% delas na capital.

Na maioria dos casos, as vítimas são mulheres agredidas em suas próprias casas pelos filhos. Violência psicológica, negligência e violência física figuram entre os principais crimes cometidos. O abuso financeiro e econômico também cresceu em larga escala.

Os números podem ser ainda maiores, mas a relutância das vítimas em confirmar as agressões dificultam o trabalho de quem investiga esse tipo de violência. Infelizmente, os idosos ainda são vistos como um fardo por muitos.

A ineficiência do Poder Público e a ausência de políticas públicas de apoio à terceira idade respondem em grande parte por esse quadro. Recentemente, o Ministério Público instaurou um inquérito civil cobrando da Prefeitura a criação de novos ILPIs. Tais espaços, de responsabilidade do município, abrigam idosos gratuitamente e por tempo indeterminado. Na falta deles, é ainda maior a chance dos agredidos permanecerem nos locais onde sofrem a violência.

Há algumas semanas, na companhia do vereador Gilberto Natalini (PV) e da presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso, Marly Feitosa, entreguei ao secretário de Direitos Humanos, Rogério Sottili, a Carta do Idoso do Município de São Paulo. Nela, foram listadas as principais necessidades destes cidadãos.

É passado o tempo de agir. Só assim, essas tristes e vergonhosas estatísticas poderão mudar. Como presidente da Comissão do Idoso na Câmara Municipal, coloco-me à disposição de todos para debater ideias e soluções.

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