Mediante tantas injustiças em nosso país, o STF (Supremo Tribunal Federal) mostrou, mais uma vez, sua superioridade, imponência e o porquê de ser a última voz na justiça brasileira ao condenar o primeiro político pelo mensalão, termo que ficou conhecido e popularizado o esquema de compra de votos de parlamentares na Câmara dos Deputados, deflagrado no primeiro mandato do governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT – Partido dos Trabalhadores).
O julgamento do mensalão começou com desconfiança por parte da sociedade brasileira, principalmente por seis ministros terem sido nomeados por Lula (Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli) e dois, por Dilma Rousseff (Luiz Fux e Rosa Weber). A incerteza era se o julgamento seria com a observação (em matéria penal) da prova técnica ou se julgariam politicamente o caso.
Mas, a condenação do ex-deputado federal João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara e candidato do PT à Prefeitura de Osasco, deixou claro que o STF cumpriu o seu dever constitucional e mostrou a sua grandeza e independência. Julgou com base na legislação brasileira e o condenou por crimes de corrupção e peculato (uso de cargo público para desvios de recursos). E não permitiu qualquer ingerência ou tendência política, que na verdade era o que a sociedade brasileira mais temia.
O fato de o julgamento do mensalão demorar sete anos para entrar na pauta do STF pode ter gerado, em muitos, a sensação de impunidade. Mas agora, com as primeiras condenações, onde a maioria dos ministros do STF decidiu condenar cinco réus, entre eles, o primeiro político, o povo brasileiro teve a certeza de que a justiça tarda, mas não falha.
O julgamento ainda continua, pois são, ao todo, 37 acusados. O STF concluiu apenas a primeira das sete etapas. Resta saber qual será a condenação dos réus que ainda não foram julgados, entre eles, o caso mais difícil como o do ex-chefe da casa civil, José Dirceu, que foi denunciado por formação de quadrilha e corrupção ativa.
É importante que o STF continue com essa independência peculiar e agindo da maneira correta, ou seja, condenando os culpados e absolvendo os inocentes, para conquistar de vez a confiança da sociedade brasileira e de todo o mundo, principalmente no que diz respeito à seriedade com que o país conduz seus julgamentos, uma vez que o julgamento do mensalão também está nas manchetes de jornais, revistas, emissoras de rádio e TV de outros países.
Orlando Morando, 38, deputado estadual pelo PSDB-SP


