À frente da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Juvenal Araújo é mais um tucano que se junta ao quadro de personalidades do PSDB no primeiro escalão do governo do presidente Michel Temer. Presidente do Tucanafro (secretariado da Militância Negra do PSDB), ele foi convidado a assumir o cargo após a tucana Luislinda Valois se tornar ministra dos Direitos Humanos.
Para Juvenal, a discussão de políticas públicas para as pessoas negras no Brasil é fundamental em um país que, infelizmente, ainda é racista, mesmo com a maior parte de sua população sendo negra. Em entrevista ao PSDB Nacional, o secretário falou sobre sua recente nomeação e detalhou quais serão as prioridades da Seppir durante sua gestão.
Leia a íntegra da entrevista com o Secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo:
Como o Sr. encarou sua nomeação para a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial?
Foi muita generosidade, um convite que veio da ministra Luislinda para substituí-la. Além de uma surpresa, é realmente muita responsabilidade. Substituir uma ex-secretária com o histórico que tem a Luislinda, que realmente sentiu na pele o que é o racismo e que é uma referência não só para mim, mas para muitas pessoas que têm uma luta no combate ao racismo pela promoção da igualdade racial, para mim foi muito gratificante. E a expectativa é muito grande de poder continuar o trabalho da ministra aqui pela Seppir.
Qual a importância de se discutir políticas públicas para as pessoas negras e o racismo no Brasil de hoje?
Nós vivemos em um país de maioria negra, porém ainda temos o racismo muito forte no país. Só estamos há pouco mais de 127 anos que acabou, entre aspas, o racismo no Brasil, e ainda temos hoje dados alarmantes. A cada três jovens mortos, dois são negros. O assassinato de mulheres no Brasil, o feminicídio, a maioria desses assassinatos são de mulheres jovens, negras, pobres e que moram na periferia. O negro ainda ganha cerca de 23% a menos que o não-negro no Brasil. A cada 23 minutos, morre um jovem negro no Brasil. Essas dificuldades que nós temos ainda da diferença de oportunidades por causa da cor da pele. A importância de estar à frente de uma secretaria de igualdade racial é a de que nós podemos realmente implementar políticas públicas para mudar essa realidade.
Quais serão as propostas e prioridades da Seppir durante a sua gestão?
Nossa gestão vai se pautar no diálogo constante com o Conselho Nacional de Igualdade Racial (CNPIR), cuja principal missão é propor políticas de promoção da igualdade com ênfase na população negra e outros segmentos raciais e étnicos da população brasileira. Além do combate ao racismo, o CNPIR tem por missão propor alternativas para a superação das desigualdades, tanto do ponto de vista econômico quanto social, político e cultural. Nossa gestão fará tudo para fortalecer essa ferramenta.
Vamos incentivar e apoiar estados e municípios na criação ou fortalecimento de órgãos e conselhos de promoção da igualdade racial e sua adesão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir).
É importante destacar o diálogo que iniciamos ano passado com os ministérios com o intuito de revisar e repactuar o Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade com metas físicas e orçamentárias. Também vamos continuar nosso diálogo com os ministérios para aprimorar as ações do Programa Brasil Quilombola.
E do ponto de vista gerencial, vamos atuar alinhados com o norte do governo Temer, onde a eficiência operacional e o modelo de gestão estão focados em metas e resultados. Para isso, iremos elaborar um planejamento estratégico amplo, para curto, médio e longo prazo, trabalhando com metas claras e bem definidas, diante de um cenário de escassez orçamentária, e com austeridade, responsabilidade e criatividade.
Como avalia o histórico do PSDB no setor?
O PSDB já tem uma história muito forte na política de igualdade racial. Com Fernando Henrique Cardoso, desde a sua gestão e sob a sua gestão, nós tivemos o acolhimento da Marcha Zumbi dos Palmares, em 1995, e graças ao diálogo de Fernando Henrique com os movimentos sociais, ele foi o primeiro presidente a assumir que o Brasil era uma país racista. Desde então, junto às reivindicações desses movimentos, foi feito o tratado de Durban, para a implementação de políticas de igualdade racial que realmente deram um norte às políticas de igualdade no Brasil. Nós tivemos Franco Montoro, Aécio Neves, Antonio Anastasia, Geraldo Alckmin, vários gestores do PSDB que realmente levam a política de promoção da igualdade racial há muito tempo.
O PSDB tem assumido a linha de frente no governo federal, ocupando cargos importantes com nomes como Antonio Imbassahy na Secretaria de Governo, Aloysio Nunes no Ministério das Relações Exteriores, Bruno Araújo no Ministério das Cidades e Luislinda Valois na pasta de Direitos Humanos. Como o Sr. avalia a atuação do partido em todo o Brasil?
Para nós, pelo menos para mim, é realmente a concretização de que o PSDB tem gestores eficientes e capacitados para, junto aos brasileiros, colocar o país no rumo certo. Temos quadros capacitadíssimos em várias áreas, e é natural que hoje o PSDB tenha tantos expoentes assumindo os maiores cargos no governo do Brasil. É sinal de que, realmente, a questão da gestão está no DNA do PSDB.