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Brasília – Elas estão por toda a parte. No café da manhã, no ônibus, no trabalho, nas conversas com os amigos. É praticamente impossível ficar um dia – ou minutos – longe. Sim, estamos falando das redes sociais. Vitrine de exposição da vida alheia, rede de mobilização política ou simplesmente um canal a mais de comunicação? Não importa a resposta. O fato é que as redes sociais vieram para ficar e fazem parte do dia a dia de mais de 65 milhões de brasileiros, sendo cada vez mais usadas como ferramenta de interação entre os cidadãos e agentes públicos e como fonte inesgotável de informações para formulação de políticas.
Um exemplo do potencial de mobilização nas redes de relacionamento foi a repercussão do depoimento em que o operador do mensalão Marcos Valério acusou o ex-presidente Lula de envolvimento no escândalo. O assunto permaneceu por vários dias entre os mais comentados no Twitter. O julgamento do caso no STF, iniciado em agosto, também gerou uma onda de cobrança e indignação e será lembrado com um dos acontecimentos mais discutidos de 2012 em tempo.
Para o senador Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado, as redes sociais são um espaço essencial para a oposição fazer um contraponto ao governo federal e avaliar o resultado das ações do partido. “Temos que valorizar extremamente essa ferramenta. Por meio dela, podemos medir as aspirações sociais e sabermos de que forma estamos sendo julgados pela sociedade”, avalia.
Alvaro Dias diz que não consegue ficar longe das redes por muito tempo. “Acordo e já vejo as notícias no Twitter, levo o celular para o plenário e fico até tarde da noite respondendo às mensagens deixadas por meus seguidores e fãs.” Para o senador tucano, as redes são o espaço da ousadia. “Nós temos que estar atentos às mudanças que ocorrem no pensamento da nação. Temos um espaço ilimitado para discussão e não podemos desperdiça-lo”, afirma.
Canais
O PSDB conta hoje com importantes canais de comunicação nas redes sociais. Além do site oficial, atualizado várias vezes ao dia, a legenda publica mensagens e interage com os internautas no Twitter, Facebook e YouTube. A estrutura é reforçada pelos perfis das lideranças na Câmara dos Deputados e Senado Federal, deputados federais e estaduais, senadores, parlamentares, governadores e prefeitos.
No entendimento do deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), o avanço da tecnologia nos meios de comunicação é um processo irreversível que ajuda a democratizar o acesso à informação. “Na política, principalmente nos períodos eleitorais, a participação dos eleitores por meio das redes sociais tende a se intensificar e aprofundar os debates na hora de escolher melhor os representantes nas diferentes esferas de poder”, ressalta. O deputado faz, porém, uma observação. “Há a necessidade de se normatizar seu uso estabelecendo regras a fim de evitar propagação de informações inverídicas”, observa.
Na opinião do deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), essa ferramenta preenche a lacuna deixada pelo distanciamento entre o voto nas urnas e a atuação do candidato eleito. “O sistema político brasileiro é ineficaz e irracional, o que gera distanciamento entre a representação política e a sociedade. Isso introduz o desafio da comunicação, e as redes sociais ajudam a encurtar essa distância. O partido ou líder que não se reciclar não sobreviverá”, analisa.
O deputado mineiro é usuário ativo do Twitter, onde interage com seus eleitores e a imprensa. Pestana, contudo, acredita que esse mecanismo ainda está longe de ter um papel importante no processo eleitoral, assim como ocorreu nas duas últimas campanhas de Barack Obama, nos Estados Unidos. “Eleição ainda se decide na TV. As redes sociais dependem do desenvolvimento da cultura da internet e da universalização do acesso e enfrentam restrição econômica”, resume.
Do PSDB nacional