O comércio exterior é um dos melhores termômetros para se aferir a saúde de uma economia. No caso brasileiro, conforme os resultados que têm sido registrados pela nossa balança comercial já há algum tempo, o país tem padecido de um resfriado que caminha para uma pneumonia.
Foram necessários oito meses de comércio para que nossa balança saísse do vermelho. Com o resultado produzido em agosto, finalmente o saldo acumulado no ano tornou-se positivo. Mesmo que tenha atingido apenas US$ 249 milhões – ou valor equivalente à média que o país exporta a cada seis horas.
O saldo de agosto – US$ 1,2 bilhão, segundo o Ministério do Desenvolvimento – foi o pior resultado para o mês desde 2001. Ainda assim, foi obtido à custa de uma exportação de mentirinha: a “venda” à Suíça de uma plataforma da Petrobras que só sai do Brasil no papel, pois aqui é fabricada e aqui permanecerá produzindo. Sem isso, ainda continuaríamos no vermelho.
O país tem cuidado pouco e mal de seu comércio exterior. Nossa corrente de comércio – ou seja, a soma do que o Brasil exporta com o que importa – está menor neste ano do que estava no ano passado (quase US$ 10 bilhões menos), num momento em que todo o resto do mundo compra e vende mais produtos.
Uma política externa que nos mantém atados ao Mercosul e nos alinha com economias de menor importância no tabuleiro internacional nos conduziu a esta situação. Nos últimos anos, só três acordos comerciais foram firmados pelo Brasil, com Israel, Palestina e Egito – atores, convenhamos, da terceira divisão no concerto das nações…
Negociações importantes, como a entabulada com a União Europeia, não avançam, com o Brasil sucumbindo à apatia da Argentina e à recusa do governo populista do país vizinho em abraçar políticas liberalizantes. Neste abraço de afogados, naufragamos.
Ao mesmo tempo, outras economias percebem que um dos motores da prosperidade mundial, ora em retomada, está justamente em incrementar as trocas comerciais, integrar as cadeias nacionais ao restante do mundo e promover, assim, a modernização dos parques produtivos locais. Mais comércio é mais bem-estar e mais oferta de produtos melhores e mais baratos.
O Brasil precisa e quer recuperar o espaço perdido no mundo nos últimos anos. Precisa e quer livrar sua política comercial do ranço ideológico que a tem caracterizado na era petista. Quem tem perdido com esta opção preferencial pelo atraso são os brasileiros. Pagamos aqui cada vez mais caro por termos nos fechado ao resto do globo. A hora é de se abrir, com mais comércio e menos ideologia.