Lula deu ontem nova contribuição à adequada compreensão dos brasileiros sobre a participação do PT na construção da nação que somos hoje. O ex-presidente disse que, se 25 anos atrás tivesse prevalecido a proposta de seu partido para a Constituição, o país seria “ingovernável”. Melhor seria ele admitir que, na oposição, o PT fez tudo para boicotar o Brasil e, no governo, atua comprometendo o presente e ameaçando o nosso futuro.
Aos poucos, o partido hoje no poder vai revelando quão deletéria e desconstrutiva foi sua ação na luta para conquistar o poder. Foram várias as ocasiões ao longo dos anos, que já ensejaram alguns mea-culpa dos petistas. Vale a máxima: Sempre que o PT teve que escolher entre seus interesses e os interesses do Brasil, o PT ficou com o PT.
Eis a íntegra da declaração de Lula, dada ontem em evento patrocinado pela OAB: “Só tínhamos 16 deputados, mas éramos desaforados como se fôssemos 500. Se nossa Constituição fosse aprovada, certamente seria ingovernável, porque éramos muito duros na queda”. Para o Instituto Lula, o ex-presidente teria “brincado” ao fazer o comentário. Que nada; a coisa é séria.
Em 1988, o PT votou contra a Constituição que fixou as bases para os enormes avanços sociais que o país conquistaria nas décadas seguintes. Foi apenas a primeira vez, mas não a única, em que o partido de Lula, Dilma e José Dirceu postou-se sem dó nem piedade contra os interesses do Brasil.
Logo depois, em 1992, o PT recusou-se a participar do governo de reconstrução nacional empreendido pelo presidente Itamar Franco, que herdara um país destroçado pela gestão do defenestrado Fernando Collor de Mello. Os petistas chegaram a expulsar Luiza Erundina por ela ter cometido o pecado de aceitar participar do ministério.
Mas teve mais, muito mais. Em 1994, o PT simplesmente bombardeou o plano que, após várias tentativas fracassadas, estabilizaria a economia brasileira, venceria a hiperinflação e lançaria as bases para que o país começasse a superar o enorme abismo social então existente.
Para os petistas, o Plano Real não passava de “estelionato eleitoral” – talvez eles preferissem continuar com um país em que a inflação chegara a quase 2.500% ao ano… A resposta veio nas urnas, com duas eleições em primeiro turno de Fernando Henrique Cardoso.
Mas, para o PT, a guerrilha política está acima de tudo. Chegou 2001 e o partido também fuzilou a Lei de Responsabilidade Fiscal, tratada por eles como “imposição do FMI”. Os petistas não se furtaram a contestar no STF o arcabouço que se tornaria o esteio de todas as administrações públicas no país dali em diante.
Anos depois, já no governo, o mea-culpa veio do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Disse ele, em maio de 2005: “Quero fazer uma autocrítica. Naquele momento, a minha bancada [do PT] falhou. Naqueles idos de 2000, nós não demos apoio ali, e essa foi uma falha da bancada, e eu me incluo nessa falha, eu fazia parte dessa bancada. Esse registro deve ser feito de forma honesta”.
Logo que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência, e o PT teve que começar a fazer muito do que antes contestava, os petistas se apressaram a dizer que sua atuação na oposição não passara de “bravatas”. Deixavam claro, desta maneira, que o que sempre interessou ao petismo foi tomar o poder – e até hoje, cotidianamente, dão mostra de que são capazes de tudo para nunca mais sair de lá…
Nestes últimos anos, o PT foi aos poucos admitindo quão nefasta foi sua prática oposicionista, enfeixada na máxima do “quanto pior, melhor”, para o país. A dúvida que fica é: será que chegará o dia em que o PT também irá reconhecer o mal que vem fazendo ao Brasil nestes mais de dez anos de (des)governo em que simplesmente dinamitou nossas melhores possibilidades de desenvolvimento?