A deputada Mara Gabrilli (SP) emocionou as tucanas que participaram da reunião da Coordenação Executiva e Coordenadorias Regionais do Secretariado Nacional da Mulher do PSDB, nesta quarta-feira (28), em Brasília, na sede da legenda. Muitas não contiveram as lágrimas ao ouvir o relato de superação de Mara Gabrilli, que perdeu os movimentos do pescoço para baixo, depois de um acidente automobilístico.
“No dia do meu acidente eu estava em um momento difícil da minha vida. Eu pedi pra Deus mudar minha vida. Neste dia, eu quebrei o pescoço. A gente tem capacidade de se reinventar”, disse a tucana. “Eu sempre fui hiperativa. Eu consegui ser uma tetraplégica hiperativa.”
Com a garra de quem luta diariamente para recuperar-se e ter uma vida plena, Mara Gabrilli relatou: “Ando pela periferia de São Paulo e a maioria das lideranças de bairros é mulher. É inerente a mulher ter liderança. Mas muitas vezes a gente não sabe lidar com isso. A mulher tem muito a ensinar aos homens como se faz política. Eu passei muito tempo da minha vida achando que eu não gostava de política”.
A deputada federal destacou que as barreiras que impedem a realização de sonhos nem sempre são visíveis. “A pior barreira é a da atitude. Eu sempre achei que as principais barreiras fossem as físicas. Como, por exemplo, a gente investe em tecnologia em ônibus e nas paradas de ônibus. Daí o motorista não pára para o cadeirante subir. A barreira de atitude impediu o ir e vir da pessoa com deficiência. Do que adiantou todo o investimento em tecnologia?”, reagiu.
Para Mara Gabrilli, todo o movimento político deve girar em torno de mudanças. “O cerne do trabalho é essa mudança de atitude. O espírito de querer construir é pouco aproveitado. Quando a gente melhora a vida de alguém é a nossa que dá um salto. Falta um pouco desse espírito coletivo”, afirmou ela, sendo aplaudida pelas tucanas.
Preocupações
A deputada federal destacou ainda as dificuldades das pessoas com deficiências no país. Segundo ela, no Maranhão e em Rondônia, a espera por uma cadeira de rodas chega a seis anos. “Temos uma das piores políticas de órteses e próteses do mundo”, reclamou.
Mara Gabrilli diz que há um detalhe na Reforma da Previdência que pode prejudicar a vida das famílias que cuidam de pessoas com deficiência: a pessoa não pode ultrapassar dois salários de pensão e não pode acumular pensão de pai e mãe.
“Imagina os pais de uma criança autista que contribuíram achando que um dia isso ia ficar pro filho? Se as pessoas soubessem disso, poderiam ter utilizado o dinheiro pra outra coisa”, afirmou a deputada federal.
Outra questão que preocupa a tucana é relacionada à aposentadoria por invalidez ou por incapacidade. “Se a trabalhadora sai do trabalho e tem um AVC na porta do trabalho, não aposenta integral”, ressaltou. “Quem sofreu um acidente dentro do trabalho, ferindo o dedinho, recebe integral.”
Mara Gabrilli citou ainda a questão de pessoas com deficiência leve e Down. “É considerada uma deficiência leve uma pessoa com síndrome de Down”, disse. “A pessoa que tem Down envelhece mais cedo, pois fica com desgaste muito maior. Uma pessoa com deficiência intelectual é considera idosa com 50”.
A deputada está indicada para uma vaga no Comitê de Monitoramento da ONU sobre Pessoas com Deficiência cujas eleições serão realizadas em junho deste ano. O PSDB Mulher apoia a candidatura e fará campanha em favor da tucana.
Elogios
Em meio aos relatos, Mara Gabrilli recebeu elogios das presentes. “A deputada federal tucana Mara Gabrilli é exemplo de perseverança, é a única tetraplégica que não consegue parar de se mexer”, disse Bibi Alves, do PSDB-Mulher do Pará. Ao ouvi-la senti que somos tão covarde, quando dizem porque não te candidatas?.”
A vereadora de Maceió Tereza Nelma (PSDB-AL) resumiu o sentimento das tucanas. “Sou fã de Mara Gabrilli.” Adriana Vilela Toledo, presidente do PSDB Mulher de Alagoas, acrescentou que: “Coisa mais linda tudo isso”.
(Do PSDB-Mulher)