A deputada Mara Gabrilli (SP) considera absurdo o Governo do Distrito Federal (GDF) ter aceito pagar R$ 4,58 milhões por um aparelho de exoesqueleto robótico para fisioterapia cujo preço no mercado é de cerca de R$ 1 milhão, incluindo instalação e treinamento. “Foram cometidos dois crimes: um o superfaturamento em si, e o outro de superfaturar em cima de uma questão brasileira que já é uma miséria – a reabilitação. Quantas pessoas gostariam de poder fazer treino de marcha em um equipamento desse e não podem?”, questionou nesta quarta-feira (8). Segundo a tucana, o Ministério Público Federal deve ser acionado para investigar este caso e outras aquisições efetuadas pelo GDF na área da saúde.
Para a tucana, a iniciativa da gestão petista de Agnelo Queiroz seria ótima se não fosse pelo valor do negócio, que dispensou licitação. Uma das principais defensoras no Congresso dos interesses das pessoas com deficiência, ela lembra que a reabilitação no país está fracassada. De acordo com Gabrilli, faltam clinicas que ofereçam o tratamento, impedindo, por exemplo, o ingresso de muitas pessoas no mercado de trabalho.
Segundo o blog jornalístico “Coluna Esplanada”, a compra do equipamento foi fechada em agosto pelo secretário de Saúde do GDF, Rafael Barbosa, e a fornecedora BioAlpha Serviços e Comércio de Materiais Hospitalares, com sede no Rio de Janeiro, conforme a nota de empenho da Secretaria de Saúde. A deputada critica a atuação do secretário ao firmar negócio com os proprietários Cainã Albuquerque e Ana Carla Albuquerque. Eles têm 22 e 25 anos, respectivamente, segundo o blog. “Quer se apropriar de um dinheiro público que seria para a reabilitação das pessoas. Soube que a verba da saúde do GDF vem do governo federal. O que o Planalto vai fazer? Isso não pode ficar assim”, manifestou com indignação.
Um dia após a denúncia feita pelo “Coluna Esplanada”, o governo petista emitiu nota informando que a compra havia sido cancelada. De acordo com o GDF, o Lokomat adquirido atenderia pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) do Hospital de Apoio. O superfaturamento de mais de R$ 3,5 milhões daria para comprar mais três equipamentos.
Como funciona o aparelho
O Lokomat Pro é um aparelho robótico de última geração, com encaixe nos membros inferiores do paciente, que estimulam o movimento numa esteira, cujos dados dos passos ou corrida são diagnosticados por um computador. A deputada é usuária do equipamento e conhecedora de sua tecnologia. Em seu Facebook, a deputada postou um vídeo registrando o momento em que ela usa o aparelho.
O aparelho ganhou mercado pelo avanço no diagnóstico e tratamento de recuperação de acidentados e paraplégicos com equipamento high tech. Em suma, dizem médicos, um tratamento de fisioterapia convencional que dura de seis a oito meses, em alguns casos, são concluídos em dois meses com a utilização do Lokomat Pro.
O número
260 mil euros é o valor real do Lokomat Pro, fabricado pela empresa suíça Hocoma. No Brasil, esse dispositivo existe na AACD de São Paulo e na Rede Lucy Montoro, do Governo do estado de São Paulo.