Da tribuna, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) apontou nesta quinta-feira (13) as falhas e irregularidades do programa Mais Médicos. Na avaliação do parlamentar, a iniciativa tem um sistema precário, provisório e temporário. Segundo o tucano, o Mais Médicos não é a solução para os problemas do setor. “Além de investir em um programa temporário e desestruturado, a importação e a forma de contratação dos médicos cubanos é um claro desrespeito aos direitos humanos e os direitos do trabalho”, disse.
Para ele, o governo deveria investir em ações permanentes e estruturadas, a exemplo do programa Saúde da Família. “É precisamente a falta de profissionais da saúde voltados à atenção básica das famílias que tem sobrecarregado hospitais e serviços de diagnóstico e tratamento, bem como as redes de urgência e emergência nos municípios”, afirmou.
Mendes Thame destacou que cada equipe do programa é composta, no mínimo, por um médico clínico geral, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde, além das equipes de saúde bucal. No governo Fernando Henrique Cardoso o PSF ganhou mais de 2.000 equipes, na gestão de Lula, baixou para 1.870 e, na de Dilma, caiu para 1.000 equipes.
“O Ministério da Saúde deixou de lado o programa de saúde da família, um programa estruturado, permanente, mensurado, que podia crescer cada vez mais e oferecer segurança à família brasileira, e o trocou por um sistema precário, provisório, temporário”, reprovou. “Se o atual governo federal tivesse dado a prioridade devida ao PSF, com mais recursos aos municípios e incentivos permanentes à formação de mais médicos clínicos gerais, o Brasil não precisaria importar médicos, e a saúde pública não seria tão mal avaliada pela população brasileira”, completou.
Mendes Thame enfatizou que, diante da indignação da população com relação aos serviços de saúde, o Executivo criou um arremedo de solução. “A presidente optou pelo arremedo eleitoreiro, um programa-tampão de validade temporária e qualidade duvidosa, em vez de melhorar a gestão, reajustar a tabela do SUS, investir em infraestrutura, dialogar com os profissionais em torno de um plano de carreira médica, cujo projeto foi aprovado pelo Congresso e vetado por ela”, completou.
O subfinanciamento da saúde pública é um dos grandes males que afligem o sistema, de acordo com o tucano. Conforme destacou, nos últimos 12 anos foram autorizados dos orçamentos da União R$ 67 bilhões, mas apenas R$27,5 bilhões foram pagos. “No dia a dia, milhões de pacientes enfrentam filas e corredores apinhados nas urgências e emergências, onde vidas são ceifadas por falta de diagnósticos, equipamentos, cirurgias e leitos hospitalares dignos”, criticou.