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Mensalão: ex-diretor do BB diz que carregou envelope sem saber que continha dinheiro

O advogado Marthius Lobato, representante do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, foi o protagonista do sexto dia de julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira. O defensor adotou argumentos frágeis e abusou da credulidade dos ministros ao dizer que os 336 000 que o réu teria recebido de propina, na verdade, passaram pelas mãos do ex-diretor sem que ele sequer soubesse que carregava um pacote de dinheiro.

Pizzolato, disse o advogado, apenas fez um favor ao publicitário Marcos Valério de Souza: “Ele pegou o pacote e guardou porque iria ser entregue a um mensageiro do PT. Quando ele chegou em casa, toca o telefone e alguém diz: ‘Eu sou do PT e vim buscar essa encomenda’. Ele não tinha conhecimento de que era dinheiro”, disse Marthius.

Para reforçar sua tese, o advogado afirmou que Pizzolato, por não ter poder de tomar decisões sozinho, não teria nada a oferecer em troca da propina. O advogado também negou  que os recursos do fundo Visanet repassados à DNA de Marcos Valério eram recursos públicos – embora pertencessem à parcela do fundo destinada ao Banco do Brasil. O desvio, segundo o Ministério Público, foi de mais de 73 milhões de reais.

Sobre este ponto, o advogado foi inquirido pelo ministro Joaquim Barbosa, que, numa manifestação incomum, fez perguntas ao defensor ao fim da sustentação oral. O ministro, relator do processo, pediu detalhes sobre o pagamento feito à DNA. Marthius Lobato alegou que, embora fosse diretor de Marketing, seu cliente não tinha autoridade para agir de forma autônoma porque as decisões eram colegiadas.

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A defesa ainda negou que o acusado tenha permitido o desvio de outros 2,9 milhões de reais pela DNA: tudo não passava de “bônus de volume”, de acordo com Marthius Lobato: “É um estímulo que os veículos oferecem às agências, porque as agências são intermediárias da distribuição”, alegou.

O STF também ouviu a defesa do deputado federal Pedro Henry (PP-MT), do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-RJ), do ex-assessor do PP João Cláudio Genu e de Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval – que ajudou a distribuir o dinheiro do mensalão dentro do PP.

Pedro Henry – O advogado José Duarte Álvares disse que Pedro Henry não recebeu vantagem do valerioduto. Afirmou que ele não tinha influência no setor de finanças do PP e tampouco coordenava a esfera administrativa da legenda. Por essa tese, não participava de acordos com outros partidos e atuava apenas como líder da agremiação na Câmara dos Deputados. “Acordos financeiros existentes entre partidos não passavam pelo crivo do líder da bancada, cuja função era somente externar a vontade da maioria do partido”, disse Álvares. Henry é acusado de receber dinheiro para votar com o governo Lula.

Pedro Corrêa – A defesa de Pedro Corrêa, alegou que o PP recebeu recursos do PT a partir de um acordo para a campanha eleitoral de 2004. Assim como fez o chamado núcleo político da denúncia, Corrêa alega que os recursos não foram destinados para a compra de votos no Congresso Nacional.

Pela lógica traçada pela defesa de Corrêa, então presidente do PP, as duas legendas eram rivais no Acre, o que teria motivado o PT a entrar com processo contra o então deputado Ronivon Santiago (PP-AC) por crime eleitoral. Com o acordo para a campanha de 2004, o PP exigiu que, em troca do apoio, os petistas pagassem o advogado que defendia o parlamentar. O dinheiro era, na versão da acusação, propina para que deputados votassem em favor de projetos de interesse do governo. Para Corrêa, não passava de quitação de honorários advocatícios.

Genu Maurício Maranhão, representante de João Cláudio Genu, afirmou que o réu apenas cumpria ordens ao sacar e distribuir recursos do mensalão. “O mero mensageiro não pode ser considerado como um instrumento que atua com dolo”, afirmou o advogado. O defensor afirmou ainda que seu cliente, contratado 40 dias antes do primeiro saque, não fazia ideia da origem dos recursos. Mas o Ministério Público Federal discorda.

Quadrado O advogado Antonio Pitombo, representante de Enivaldo Quadrado, alegou que não há elementos suficientes para que o réu seja condenado: “Enivaldo Quadrado não tinha ciência do que se passava”, disse o defensor. Na versão da defesa, uma eventual lavagem de dinheiro não se sustenta porque a Bônus Banval não obteria nenhuma vantagem com o crime. Ele também negou que a empresa existisse apenas no papel.

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