Início Artigos Metrô: entre a ação e a palavra

Metrô: entre a ação e a palavra

Orlando Morando
Para fazer metrô em outros Estados, o governo federal entrega dinheiro direto do Orçamento; para São Paulo, libera apenas empréstimos
Não há malabarismo retórico que esconda uma triste realidade para os paulistanos: o governo federal do PT nunca investiu um único centavo no metrô de São Paulo.

Por isso, é lamentável e infeliz o artigo do deputado petista José de Filippi Jr., publicado neste espaço [Folha de S.Paulo] em 12 de dezembro de 2012 (“Metrô de São Paulo, a Coragem para Mudar”), com críticas risíveis e eleitoreiras com relação ao meio de transporte público mais dinâmico e eficaz da maior metrópole do país.
Outras cidades brasileiras têm recebido tratamento diferente do PT, ainda que suas populações, por motivos distintos, também não tenham sido beneficiadas.

Em Salvador, um dos casos mais sintomáticos da incapacidade gerencial do partido, o governo federal, junto com a prefeitura e governo do Estado, investiram R$ 700 milhões numa linha com 6 km de extensão. A obra, que foi iniciada há 12 anos, ainda não transportou um único passageiro sequer.
Neste ano, como faz costumeiramente, o governo federal percorreu novamente o país prometendo investimentos diretos em diversos metrôs. Novamente, os paulistas não foram contemplados, a não ser com palavras vazias.

Filippi Jr. cita decisão do governo federal que mudou as regras para acelerar a “liberação” de dinheiro para o metrô de São Paulo.

Omite o deputado que empréstimo não é investimento direto do Orçamento federal. É dinheiro que será pago a juros com o trabalho do contribuinte paulista.

Ou seja: para os moradores de outros Estados, o governo federal do PT entrega dinheiro direto do Orçamento; para o Estado do próprio deputado Filippi Jr., só “libera” se obtiver o dinheiro de volta, com juros.
Diante da total falta de sensibilidade federal, o governador Geraldo Alckmin está acelerando cada vez mais os investimentos no metrô de São Paulo. Somente em 2011, já foram entregues quatro novas estações na Linha 4-Amarela (Luz, República, Butantã e Pinheiros), com mais 5,4 quilômetros na rede.

Os investimentos realizados proporcionaram aumento de 800 mil usuários diários nesse modal. Hoje são 4,4 milhões de usuários no metrô paulista, número maior do que toda a população do Uruguai. Essa ampliação não teria sido obtida com “baixa capacidade de realização” ou com um “sistema esgotado”, como julgou o deputado.

A ampliação do sistema inclui uma boa notícia para os moradores da região metropolitana: com a nova linha 18, o metrô vai chegar ao ABC, região do deputado.

Outra medida positiva foi o início do uso do Bilhete do Ônibus Metropolitano (o BOM) pelo metrô e pela a CPTM, na Estação Palmeiras-Barra Funda do Metrô.

Em breve, os usuários poderão utilizá-lo em toda a rede. A economia do cidadão que utiliza de forma conjunta os dois sistemas diariamente chegará a R$ 84,60 por mês. Vale recordar os benefícios já obtidos no passado com a integração do sistema metroferroviário ao Bilhete Único.

Vamos continuar a tratar o transporte público de forma séria, melhorando nossa rede, ampliando linhas, entregando novos trens. O metrô de São Paulo é uma conquista dos paulistas. É nosso desafio atender às demandas da população e avançar sempre nos caminhos da verdade e da boa gestão.

ORLANDO MORANDO, 37, é empresário do ramo varejista, deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa de São Paulo

Artigo anteriorGoverno federal deixou de gastar R$ 529 milhões contra cheias
Próximo artigoEstado entrega 360 unidades da CDHU em Itaquaquecetuba