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Mudanças climáticas

A Política de Mudanças Climáticas de São Paulo exige que até 2020 as emissões de gases de efeito estufa sejam reduzidas em 20% sobre o total emitido em 2005.

Será preciso cortar 28,6 milhões de toneladas destes gases – sobretudo o CO2 – em dez anos. Se a meta é ousada, as conclusões da Matriz Energética de São Paulo 2035 – um estudo do cenário energético para as próximas duas décadas – tornam-a mais desafiadora.

Se nada for feito, diz o estudo, as emissões paulistas devem dobrar até 2035, em direção oposta ao que determina a lei.

No Brasil, 70% das emissões de CO2 vêm do desmatamento. Em São Paulo, o desafio são os transportes.

Como 93% das cargas são movimentadas por rodovias, o sistema de transportes lança ao ar 40 milhões de toneladas de CO2 por ano.

É preciso um pacto entre o setor público, o privado e a sociedade civil para reverter este quadro. A capital serve de exemplo.

Não adianta o transporte coletivo rodar exclusivamente com biocombustível – iniciativa em estudo – se a frota de carros cresceu 34 vezes mais do que a de ônibus em cinco anos.

No transporte de cargas, é ainda pior. A frota de caminhões tem uma média de idade relativamente avançada e o diesel brasileiro – mesmo o S-50, diesel com particulado menor, recém-comercializado pela Petrobras – ainda é inferior em qualidade aos padrões americano e europeu.

Ao poder público cabe incentivar alternativas sustentáveis. Bom exemplo é uma mina de fosfato em Cajati, Vale do Ribeira, que visitei ano passado com o governador Alckmin. Uma ferrovia privada liga a região a Santos. Mas, como ela está desativada, 3 milhões de toneladas de fosfato e de outros produtos são levados anualmente por caminhão. É irracional.

Mas há boas novas. Oitenta mil viagens anuais de caminhão deixarão de ser feitas com o alcoolduto Ribeirão Preto-Paulínia. O mesmo se dá no escoamento do açúcar.

Desde 2011, 7,5 milhões de toneladas passaram a chegar ao porto de Santos por trem, evitando 297 mil viagens rodoviárias.

O lixo é outro desafio. Em 2008, 9,2 milhões de toneladas de gases de efeito estufa – principalmente metano – foram emitidas pelo lixo. Pior: cidades como as do Litoral Norte, por exemplo, processam seu lixo em municípios como Tremembé, distante 130 km.

O frete chega a R$ 170 por tonelada de lixo, sem contar o dano da queima do diesel pelos caminhões. Por isso, está em fase de estudos a instalação de usinas de tratamento de resíduos sólidos na região. Além de solucionar a questão do lixo, elas geram energia.

São Paulo também adiantou para 2014 a proibição das queimadas na colheita da cana. Com isso, zeramos a emissão de CO2 e ainda aproveitamos a palha na cogeração de eletricidade. Neste quesito, estamos bastante adiantados.

Em suma, a questão exige compromisso. Juntos, poder público e população podem fazer muito. O setor privado também deve ser mais eficiente.

Afinal, há uma estreita conexão entre práticas nocivas ao ambiente e baixa competitividade econômica. Como se vê, os interesses são todos convergentes. É hora de agir.

 

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