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Muito além do Código Florestal

Alberto Mourão

Causa-me profunda preocupação constatar o quanto o País perdeu quando a Câmara deixou de realizar um amplo debate sobre o futuro não só do Brasil, mas de todas as nações, por ocasião do trâmite do Código Florestal.

É desalentador que as discussões em torno do código tenham, de todas as partes, se limitado a questões pontuais e não avançaram para o aprofundamento de algo que deveria afligir a todos porque afeta a vida humana no planeta: como compatibilizar crescimento populacional com preservação ambiental?

Votei contra o novo Código Florestal especialmente por discordar da anistia aos que devastaram. Considero a anistia nefasta por incentivar a transgressão, gerado sentimento de impunidade. Mas, confesso a frustração por ver que as posições relativas ao projeto são radicais e não têm por foco apresentar alternativas que visem o futuro das próximas gerações.

Essas posições radicais colocaram em campos opostos duas forças: ambientalistas X agricultores. Mas um depende do outro para sua sobrevivência! Por que não discutir soluções alternativas?

Cada ser humano que nasce causa um impacto ambiental. Por menos que vá consumir, já nasce precisando de um pedaço de pano a lhe cobrir. No decorrer da vida, precisará no mínimo alimentar-se. Não avançarei sobre demais necessidades, que demandam o uso de algum recurso natural.

Cabe ao Governo e ao Parlamento incentivar e gerar discussões para a formulação de políticas públicas que garantam a preservação do meio ambiente, das matas e recursos hídricos, fundamentais para a sobrevivência do homem, mas também assegurem meios para a produção agrícola, da mesma forma essencial à vida humana.

Nesse debate, cabe discutir se as posturas radicais de ambientalistas contra a verticalização urbana não acabam afetando a invasão de áreas que deveriam ser preservadas. Sim, a ocupação de áreas nas zonas urbanas e rurais também deveria fazer parte desse amplo debate!

Temos o exemplo de Praia Grande, município que registra 4 mil nascimentos ao ano. Onde vão morar essas pessoas daqui a 20 anos? Como terão garantido alimento se a produção da agricultura é desestimulada?

Creio haver, de todos os lados, egoísmo e falta de visão ampla nas posições radicais em torno do novo Código Florestal, cujo debate não deveria se limitar a definir quantos metros da margem dos rios serão preservados, mas, sim, em procurar uma resposta à pergunta que não quer calar: qual a saída para as gerações futuras ?

*Alberto Mourão é deputado federal pelo PSDB/SP e ex-prefeito de Praia Grande por três mandatos

 

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