Na última reunião da CPI do caso Cachoeira, os senadores Alvaro Dias e Cássio Cunha Lima, ajudaram a derrubar o relatório final preparado pelo deputado petista Odair Cunha (MG), que, além de blindar e proteger o governo federal, ainda perseguia indevidamente lideranças do PSDB. Por 18 votos a 16, o relatório de Cunha foi derrotado pelos deputados e senadores da comissão.
O Líder do PSDB, além de protestar pelo encerramento dos trabalhos da comissão sem que dezenas de empresas que movimentaram milhões de reais ilegalmente tivessem sido investigadas, defendeu a rejeição ao relatório defendendo que o que estava sendo deixado de fora seria mais significativo do que o que tinha sido incluído pelo relator.
“Votamos contra o relatório não só pelo que dele constava, mas sobretudo pelo que não constava dele. O que está ausente deste relatório é mais expressivo, é mais significativo, tem maior relevância do que o que consta dele, até porque o que consta deste relatório já está encaminhado ao Ministério Público Federal, era a compilação do resultado final do trabalho da Polícia Federal. O que o relator queria era chover no molhado”, disse o senador.
O senador Alvaro Dias alegou que sua frustração com o término dos trabalhos da CPI está no fato de que a comissão se encerra no ponto onde ela devia começar. O Líder do PSDB relatou as descobertas feitas pela equipe técnica do partido durante as investigações, e salientou o tamanho do volume de dinheiro que deixou de ser rastreado nos trabalhos da comissão. Segundo Alvaro Dias, foram encontradas 18 empresas fantasmas alimentadas por R$ 421 milhões de recursos de origem ilícita da Delta, mas foram quebrados os sigilos de apenas seis destas empresas, o que impossibilitou que os membros da CPI pudessem investigar o destino de R$ 312 milhões que irrigaram o esquema Delta/Cachoeira. Outras 42 empresas identificadas pelo Coaf como pertencentes ao esquema, e que movimentaram outros R$ 358 milhões, também sequer tiveram suas contas analisadas pela comissão.
Para o senador Alvaro Dias, a lição que fica desta comissão parlamentar de inquérito é que sem compartilhamento, entre situação e oposição, dos postos de comanda de uma CPI, as investigações jamais serão transparentes e implicarão em resultados que alcancem os anseios da sociedade. “Não podemos continuar realizando CPIs com comando chapa-branca. É preciso compartilhar o comanda das CPIs no Congresso Nacional em nome da independência desta instituição”, defendeu o senador Alvaro Dias.
O senador Cássio Cunha Lima, além de seguir o Líder Alvaro Dias no voto contra o relatório do petista Odair Cunha e a favor do relatório em separado, enfatizou que a comissão parlamentar de inquérito acerta no envio integral do conteúdo das investigações ao Ministério Público Federal.
“É preciso que se destaque o acerto na decisão de compartilhar com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal os dados e sigilos telefônicos, fiscais e bancários obtidos pela CPI, elementos que esses órgãos ainda não possuíam. Acompanho as razões expostas pelo meu Líder Alvaro Dias na decisão de rejeitar o relatório do deputado Odair Cunha, que além de todos seus erros, ainda teve a clara, nítida e absurda intenção de atingir politicamente o governador de Goiás, Marcone Perillo, que sequer podia ser indiciado por esta comissão”, afirmou Cássio.
Ao final da reunião, os senadores do PSDB votaram a favor do relatório em separado apresentado pelo deputado Luiz Pittman (PMDB-DF). Os senadores Alvaro Dias e Cássio Cunha Lima elogiaram o entendimento firmado na comissão de que todos os dados dos outros votos em separado apresentados, inclusive os que foram frutos do trabalho da assessoria técnica tucana, serão remetidos e compartilhados com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. O voto em separado do PSDB, além de destacar a investigação sobre as empresas fantasmas que movimentaram dinheiro de forma irregular, pede uma investigação mais completa sobre o envolvimento do empresário Fernando Cavendish e da empreiteira dele, a Delta Construções, no esquema comandado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Esse esquema envolveria desvio de dinheiro público, fraude em licitações e financiamento de campanhas políticas.