Desde a madrugada do sábado para o domingo, os principais veículos de comunicação não param de noticiar o lamentável acidente ocorrido na Avenida Paulista, região central de São Paulo, quando um jovem de 21 anos, que estava indo para o trabalho, montado na sua bicicleta, foi atropelado por outro jovem, de 22 anos, que voltada de uma balada.
No acidente, o jovem ciclista teve o braço amputado. O membro foi parar dentro do veículo que o atropelou. Pior que isso, o motorista, que segundo testemunhas dirigia em alta velocidade e fazendo ziguezagues pela via, não parou para socorrer a vítima e jogou o braço do ciclista dentro de um córrego, impedindo definitivamente que ele pudesse, ao menos na tentativa dos médicos, ter seu braço reimplantado.
Infelizmente, histórias trágicas como essa já se tornaram comuns no dia a dia de uma metrópole como São Paulo. Ocorre que não podemos ficar calados, nem de braços cruzados aguardando o próximo acidente.
Muito embora o causador do acidente desse domingo tenha, depois, se apresentado numa delegacia, tenha sido constatada sua embriaguez ao volante e esteja colocado numa cela de um CDP, a questão não se encerra por aí.
Aliás, é tempo de insistirmos numa discussão ética sobre o cumprimento das leis. Até quando motoristas despreparados vão ferir, burlar ou simplesmente ignorar as leis de trânsito?
Até quando vão insistir em dirigir embriagados, circulando em velocidade acima do permitido nas vias públicas, desrespeitando toda e qualquer sinalização de trânsito, sem a mínima preocupação de que representam perigo sistemático, para uma população que vive apavorada com o despreparo de centenas e mais centenas de motoristas irresponsáveis?
Segundo dados da CET e do Ministério da Saúde, muito embora as mortes no trânsito em São Paulo tenham caído nos últimos anos – foram 1.463 em 2008 e 1.365 em 2011 – no Brasil esse número aumentou.
Em 2008 foram registradas 39.211 mortes no trânsito brasileiro. Esse número, em 2011, saltou para 42.425.
Para se ter uma ideia de quão grande é o desrespeito às leis de trânsito, segundo fontes do Detran e CET, as capitais São Paulo e Rio de Janeiro apresentam números absurdos desse abuso.
Em 2012, por exemplo, foram aplicadas 200.668 multas por desrespeito aos semáforos, em São Paulo. No Rio de janeiro, foram 301.479 autuações no mesmo ano.
Na capital carioca, 169.900 motoristas foram flagrados pelos agentes de trânsito com seus veículos parados em cima da calçada, no ano passado. Na capital paulista, 83.400 infrações foram registradas.
Então o que falta para que esses números regridam para o mais baixo índice possível?
Cumprir as leis e fazer com que as penas previstas para quem não as cumpre sejam efetivamente aplicadas.
Quem ainda não ouviu da Lei Seca? Quem ainda não tomou conhecimento dos limites de velocidade nas vias públicas? Quem não conhece os sinais de trânsito?
Pois bem, se conhecemos as leis, então vamos encampar um movimento para que o Brasil deixe de ser conhecido e reconhecido como o país da impunidade e mudar a história de que a lei brasileira só beneficia os ricos e pune os pobres.
*Ramalho da Construção é deputado estadual pelo PSDB-SP, presidente nacional do Núcleo Sindical do PSDB, presidente do Sintracon-SP – Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo e vice-presidente da executiva nacional da Força Sindical


