O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a compra de uma refinaria no Japão, em 2008, sem informar-se sobre os riscos do investimento, a exemplo do que ocorreu com Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos, em 2006. Documentos internos da estatal, aos quais a Folha de S. Paulo teve acesso e baseou-se para elaborar a reportagem publicada nesta terça-feira (6), mostram que o resumo enviado pela diretoria da estatal ao conselho, pedindo aprovação da compra da refinaria Nansei, em Okinawa, omitiu vários riscos identificados por áreas técnicas.
Na avaliação dos funcionários, a refinaria, que dava prejuízo aos japoneses, só se tornaria rentável se fosse adaptada para refinar o petróleo brasileiro, mais pesado, e dobrasse sua capacidade de produção para 100 mil barris por dia, mas essa informação não foi transmitida ao conselho. O investimento previsto no momento da aquisição foi cancelado em 2011, e a refinaria continuou produzindo apenas 45 mil barris por dia.
Na época das negociações, em novembro de 2007, a Petrobras era presidida por José Sergio Gabrielli e tinha a atual presidente, Maria das Graças Foster, como diretora da área de gás.
Nestor Cerveró, que dirigia a área internacional, preparou o resumo avaliado pelo conselho, então presidido pela atual presidente Dilma Rousseff. Em março, a presidente atribuiu a Cerveró a culpa por ter aprovado a compra de Pasadena, ao receber dele um relatório considerado “falho” por ela.