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‘Nem para time paulista ele torce, Tarcísio é flamenguista’, diz Vinholi

Marco Vinholi, presidente estadual do PSDB e secretário do governo João Doria, afirma que Rodrigo Garcia tem chance de se eleger no 1º turno e alfineta nome escolhido por Bolsonaro para ser candidato em SP
Diário da Região
Vinicius Marques e Maria Elena Covre

 

Presidente do PSDB de São Paulo e secretário estadual de Desenvolvimento Regional, que teve projeção turbinada no governo João Doria, Marco Vinholi vai deixar o cargo até o final do mês para atuar nas campanhas tucanas. Vinholi pretende mobilizar prefeitos aliados em apoio às candidaturas de Doria para presidente e de Rodrigo Garcia para o governo do Estado. O governador vai renunciar para a disputa presidencial e Rodrigo assume o governo paulista e encara a corrida eleitoral. Em entrevista ao Diário, Vinholi disse que o nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser candidato em São Paulo, Tarcísio de Freitas (ministro da Infraestrutura), representa uma candidatura “artificial”. O cacique tucano resume toda a estratégia de Rodrigo – que é santista – no mano a mano com o flamenguista Tarcísio: investir no discurso de que o adversário é de fora de São Paulo e não conhece as demandas do Estado. Leia abaixo a entrevista:

 Diário da Região – O senhor diz que não é candidato, mas deixa o governo dentro do prazo exigido por lei para concorrer em outubro. Ou seja, o senhor está mesmo de olho na suplência de José Luiz Datena ou pode mudar de ideia e até sair a deputado?

Marco Vinholi – Eu sou homem de partido e de grupo. As prioridades absolutas são as eleições de João Doria e Rodrigo Garcia, o que tenho certeza de que é o melhor para o País e para o Estado. Esse é o meu foco. Estou organizando o partido como instrumento fundamental dessa construção. Fico muito honrado com as lembranças do meu nome para disputar cargos eletivos, acredito que é sinal de que fiz um bom trabalho durante o governo.

 Diário – O senhor diz que vai ser concentrar nas campanhas Doria/Rodrigo. Qual papel vai desempenhar?

Marco Vinholi – Como presidente do PSDB no Estado de São Paulo. A missão será enorme. Estamos organizando uma boa chapa para apresentar para a sociedade em todas as regiões do Estado, com homens e mulheres que prestaram serviços relevantes em sua trajetória. Assumi o partido com perto de 100 prefeitos, lideranças pedindo desfiliação. Hoje temos 250 prefeitos. Se juntar com vice-prefeitos, dá mais do que a metade do Estado. Recuperamos na região, Catanduva, Votuporanga, Jales, por exemplo. Na primeira semana de abril saio em caravana mobilizando nossa militância para essa jornada.

 Diário – O senhor está deixando a Secretaria de Desenvolvimento Regional, que sempre teve baixa visibilidade, mas se tornou estratégica no governo Doria. Que legado acredita que está deixando na pasta?

Marco Vinholi – O governador costuma dizer que eu fico 24 horas no ar para atender os prefeitos. Um dia me ligou um prefeito domingo à noite, eu já estava meio dormindo. Ele me mandou uma mensagem: O governador disse que você não dorme, então atenda. Retornei na hora. (risos) Alteramos completamente a lógica da relação entre Estado e municípios. Descentralizamos ações através do programa canal direto, introduzimos tecnologia com o “São Paulo Sem Papel” e o programa de cidades inteligentes. Reduzimos a desigualdade de várias regiões, reorganizamos o Estado criando novas regiões metropolitanas como a de Rio Preto. Demos agilidade no repasse de recursos batendo recorde de recursos e convênios realizados, avançamos com um programa de vicinais com um montante histórico investido e revolucionamos com o ICMS Ambiental o repasse para os municípios fomentando o desenvolvimento sustentável. Nós chamamos tudo isso de “Novo Municipalismo”. Tive a oportunidade de lançar um livro com grandes colaboradores da área no final do ano passado. Espero que esse modelo possa avançar na gestão pública brasileira.

 Diário – A secretaria deu ao senhor poder junto aos prefeitos. Isso foi estratégico para catapultar sua carreira política se o PSDB seguir no poder no Estado? Quantas vezes recebeu prefeitos nos últimos três anos no seu gabinete?

Marco Vinholi – Acredito que deu mais poder para eles, através de mim. Deu muita relação pessoal e política. Hoje eu estou chegando a 200 títulos de cidadão de municípios paulistas, uma grande honra. Conheço os desafios deles de perto, todos têm meu celular e fiquei a disposição esses anos para ajudar em tudo que fosse possível, sem olhar tamanho de cidade ou partido político. Conheço a família da maioria e eles conhecem a minha. Sinto como um grande time trabalhando sintonizado a favor do Estado de são Paulo, é assim que enxergo. Fiz seguramente mais de 3 mil atendimentos ao longo desse período presencialmente, sem falar em Whatsapp, telefone ou vídeo-conferência. Estive presencialmente com Doria e Rodrigo Garcia na imensa maioria das agendas ao longo desse período, em uma imensa quantidade de cidades. Foi muito positivo aprender com todos eles e levar minha colaboração para cada canto do nosso Estado.

 Diário – O interior vai, na opinião do senhor, decidir o governo de São Paulo?

Marco Vinholi – O interior sempre foi e será fundamental para decidir o governo de São Paulo. Na minha visão, o fato de Rodrigo Garcia conhecer na palma da mão tanto o governo quanto o Estado e ter essa trajetória de competência e compromisso com o Estado será decisivo para o eleitor. As pessoas do interior dão uma importância enorme para esse compromisso sincero, com as raízes dos candidatos.

 Diário – Especialistas dizem que no segundo turno em São Paulo serão um candidato de centro direita e um candidato de centro esquerda. O senhor concorda com esta teoria?

Marco Vinholi– Com todo respeito aos outros candidatos, mas acredito que Rodrigo Garcia tem todas as condições de ser eleito em primeiro turno. Rodrigo será o timoneiro de um governo com boa avaliação, com raiz e compromisso com São Paulo e com toda a condição de pavimentar o futuro do nosso Estado superando desafios históricos. É impressionante, quando se observa na pesquisa o alto índice de aceitação dele dentre os eleitores que já o conhecem.

 Diário – Imaginando que os especialistas estejam certos quanto à previsão acima, Tarcísio de Freitas será o principal adversário de Rodrigo Garcia no primeiro turno?

Marco Vinholi – Tarcísio transferiu seu título para o Estado de São Paulo esses dias, acredito que não mora no Estado ainda. Veio conhecer Rio Preto e não tenho notícias de que tenha tido presença significativa na região anteriormente. Nem para time de São Paulo ele torce, é flamenguista. Acredito que seja uma candidatura artificial, sem uma raiz concreta em São Paulo.

 Diário – A que o senhor atribui a persistência da rejeição a Doria e como revertê-la a tempo de fazer com que a campanha decole até maio, prazo considerado nevrálgico na construção de uma terceira via?

Marco Vinholi – Doria escolheu o caminho correto, que nem sempre é o mais fácil, mas com o tempo o reconhecimento vem. Foi assim com o Mario Covas. Ele faz uma gestão séria, honesta e com resultados fortíssimos por todo o Estado. Lutou muito para trazer a vacina para o Brasil, apoiando o trabalho dos cientistas do Butantã. Consolidou sua liderança política no PSDB, vencendo as prévias. Falavam a mesma coisa da rejeição dele na eleição da prefeitura de São Paulo e ele ganhou no primeiro turno. Depois, para o governo do Estado, venceu de novo. Doria é um lutador, foi assim em toda sua vida. A terceira via vem dialogando e construindo seu caminho. Não tenho dúvida de que ela irá quebrar essa polarização entre PT e bolsonarismo, construindo um novo caminho para o Brasil.

 Diário – O governo Doria teria, hoje, conhecendo o desenrolar da pandemia, feito algo diferente, uma vez que o fechamento de setores da economia e de escolas parece ter um custo elevado do ponto de vista político-eleitoral?

Marco Vinholi – Bom, evidente que em um período com tamanha complexidade, existem acertos e erros. Não acertamos em tudo, mas com certeza, acertamos mais do que erramos. A conta das vidas salvas, da reação da economia do Estado de São Paulo fica como saldo concreto de nossas ações. Obrigatoriedade de máscaras, aumento da rede de saúde em todo Estado não deixando faltar leitos enquanto grandes Países da Europa não suportavam. A coragem e a luta para a vacina. Fizemos tudo que a ciência, o que as boas práticas mundiais, o que, sobretudo, a responsabilidade nos apontava. Acredito que tudo isso foi muito importante para suportar uma pandemia sem precedentes.

 Diário – A estratégia “Bolso Doria” de 2018 também teve um efeito rebote, com os bolsonaristas que se sentiram traídos protagonizando agora forte oposição. Como reconquistar esses apoiadores do passado?

Marco Vinholi – Entendo que muitos que votaram em Bolsonaro também se decepcionaram, assim como nós. O governo federal foi incompetente, seja na pandemia, na economia ou no resultado prático para a nossa região. Foi uma opção para não permitir a volta do PT que tinha arruinado o País, mas com três anos de governo fica evidente que o País não melhorou. Pelo contrário. Nós vamos tratar o tema dessa maneira muito pragmática pois é um governo que não melhora a vida das pessoas.

Diário – Como o senhor avalia a aliança de Geraldo Alckmin, que ficou tantos anos no PSDB, com Lula? O desapontou?

Marco Vinholi – Sim. Na minha avaliação não foi um ato coerente com a sua trajetória.

 Diário – O projeto de concessões de rodovias e novos pedágios foi mesmo abortado? Como vai ficar a situação? Vai seguir na geladeira ao longo de 2022 ou vai virar um abacaxi para Rodrigo Garcia descascar? O contrato com a Triângulo do Sol pode ser renovado, sem novas praças de pedágio?

Marco Vinholi – Tenho certeza de que o Rodrigo faz um belo suco desse abacaxi, assimilando os anseios da região e trazendo as intervenções esperadas a tanto tempo, como a terceira faixa da Washington Luís.
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