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“Ninguém está imune a investigação”, diz líder no Senado

Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) disse nesta sexta-feira (4) que a condução coercitiva do ex-presidente Lula para prestar esclarecimentos à Polícia Federal mostra que “ninguém está imune” a investigações no país. O senador afirmou que a oposição não vai “tripudiar” nem “sapatear o governo” neste momento, mas defender que a lei seja implacável com todos os envolvidos em atos de corrupção.

Em entrevista coletiva nesta sexta, Cássio também defendeu o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a realização imediata de novas eleições para que o país retome o seu crescimento e normalidade.

“Quando a democracia está doente, o melhor remédio para a cura é a eleição. Não existe outra cura dentro de uma democracia se não a eleição. A situação está ficando insuportável. Está ficando intolerável para a maioria esmagadora do povo brasileiro.”

Leia abaixo a íntegra da entrevista do líder:

Sobre a operação da Polícia Federal que tem o ex-presidente Lula como alvo

A oposição brasileira não vai tripudiar dessa situação e nem tão pouco sapatear no governo. O momento é grave, exige muita firmeza e responsabilidade para, o quanto antes, dentro da Constituição, nós possamos encontrar uma saída para essa crise que se agrava a cada dia. Existe um movimento que aparentemente é paradoxal: quanto mais frágil fica o governo, melhor reage a economia. É preciso que possamos entender, portanto, que há um desfecho dentro da Constituição. Seja através do impeachment ou através de novas eleições que apontarão a saída para a crise que se aprofunda a cada dia no pais.

O que a oposição vai fazer diante dos casos ocorridos hoje senador?

Nós vamos aditar os pedidos de impeachment com as revelações da delação do senador Delcídio. Vamos pedir que a Justiça Eleitoral analise todas essas informações porque fica cada vez mais comprovado que a eleição de 2014 foi viciada pelo abuso de poder público e o abuso de poder econômico. As novas eleições a partir de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, ao nosso entender, são a melhor saída para o Brasil porque devolve a soberania popular através do voto. Há saída para a crise.

Como o senhor analisa a ida do ex-presidente Lula para prestar depoimento de forma coercitiva?

É importante deixar claro que em uma democracia séria, em uma República, ninguém está imune a investigação. Por mais respeito que se deva a um ex-presidente da República, nem ele próprio está imune à investigação. É hora de respeitar a Constituição, cumprir a lei, não fazer pré-julgamento, assegurar o devido processo legal, a ampla defesa, o contraditório e apoiar as investigações.

O senhor disse que novas eleições são o caminho para a saída da crise. Por qual motivo?

Porque você cumpre o artigo primeiro da Constituição que todo o poder emana do povo através do cumprimento da lei eleitoral. Diante dos abusos do poder político, de abuso do poder econômico praticados na eleição de 2014 que viciaram o resultado da eleição, a Justiça Eleitoral poderá convocar novas eleições e fazer com que a sociedade, e o eleitor, o povo brasileiro através de seu voto encontre um novo governo.

Do ponto de vista político, por que a presidente Dilma não pode cumprir o mandado dela?

Pelos crimes eleitorais que ela praticou.

Ela perdeu as condições de governar o pais?

É visível a falta de confiança da sociedade no governo da presidente Dilma. Essa falta de confiança gera um aprofundamento da crise econômica, cresce o desemprego, aumenta a inflação, a população sofre cada vez mais, os serviços públicos de educação e saúde cada vez mais deteriorados. A crise é muito grave e essa crise tem nome e endereço: Dilma Rousseff, Palácio do Planalto. E dentro da Constituição, respaldado na lei, temos uma saída através de um impeachment e o outro caminho através das novas eleições. Ao meu ver, as novas eleições são o melhor caminho, cumprindo-se a legislação, caçando a chapa e devolvendo à sociedade o poder de escolha de um novo governo.

O senhor fez um quadro clínico da situação do pais, o senhor pode reproduzir por favor?

A nossa democracia está sofrendo uma infecção generalizada da superbactéria da corrupção. E quando a democracia está doente, o melhor remédio para a cura é a eleição. Não existe outra cura dentro de uma democracia se não a eleição. A situação está ficando insuportável. Está ficando intolerável para a maioria esmagadora do povo brasileiro. E é preciso dentro da Constituição e no respaldo da lei. Encontrar uma saída que está na lei eleitoral, novas eleições.

Pergunta inaudível sobre as manifestações do dia 13

Ou as pessoas vão pra rua ou ela termina ficando. Ela, que eu me refiro, é a presidente da República. A manifestação do dia 13 será fundamental. É preciso que se some os movimentos da política, dos partidos de oposição com o respaldo do povo. E o dia 13 será uma data muito importante para que isso seja expressado de forma pacífica, de forma serena, mas com a firmeza necessária nas ruas de todo o país.

Os petistas afirmam que o que aconteceu hoje foi um movimento orquestrado de setores do MP, da polícia e da oposição, que querem derrubar o governo, que eles dizem que é o governo do povo, e querem criminalizar o governo do PT. Como o senhor rebate essas afirmações?

Falta coerência na declaração uma vez que, nos últimos anos, tem sido um mantra do PT dizer que nunca se investigou tanto no Brasil como agora. Isso graças ao governo do PT. O que é uma falácia. E ao mesmo tempo que eles enaltecem o volume de investigações, eles tentam desacreditar essas investigações. As investigações estão feitas dentro da lei em respeito à Constituição. Na democracia ninguém está imune à investigação, nem mesmo o ex-presidente da República. E é importante que se estabeleça o devido processo legal, o amplo direito de defesa, não se faça pré-julgamento, mas que a investigação tenha curso. O resto é proselitismo político e falta de discurso de quem se vê em uma situação de desespero político.

No plenário o senhor entendeu que para novas eleições é preciso que haja uma troca no comando da Câmara, por que motivo?

Porque o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha não tem condições de governar o Brasil nem por nove segundos. Avalie por noventa dias, como prevê a Constituição. Então o afastamento do presidente Cunha da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é um pré-requisito para que possamos ter novas eleições. Então na sequência do que está previsto na Constituição era preciso o afastamento de Eduardo Cunha e as condições para esse afastamento já estão postas, estamos pedindo, inclusive, a renúncia dele, para que a Câmara eleja um novo presidente.  Na sequência, o TSE casse a chapa eleitoral de 2014  e convoque em noventa dias novas eleições.

O PT está com o argumento de que a presidente Dilma não tem relação com essas questões do sítio, do tríplex, e não tem nada a ver com a operação da Polícia Federal hoje. E a oposição está insistindo na questão do impeachment. A oposição não estaria pegando carona? Como o senhor rebate esse argumento?

O que nós estamos aditando no pedido do impeachment são as delações do senador Delcidio que envolvem, sim, o governo e a própria presidente Dilma pelos relatos que ele fez. Então isso tudo precisa ser devidamente apurado para que nós possamos ter o desfecho dessa crise. O desafio do Brasil agora é saber quando essa crise poderá ter o começo do seu fim. Ela não pode se prolongar por muito mais tempo, porque  a economia está ruindo. Há um destroço econômico no Brasil que vem levando o sofrimento da população como um todo. Então, dentro da Constituição, partidos políticos e a sociedade precisam encontrar a saída. Seja pelo impeachment, seja pelas novas eleições. Ambas têm respaldo na Constituição e em amparo legal.  A nova eleição é o melhor caminho.

Se o alvo da operação é o ex-presidente Lula porque isso complica a vida da presidente Dilma?

Porque isso é um processo que vem de muito tempo, nós não estamos olhando apenas para a Lava Jato especificamente. Vamos nos recordar de tudo que foi revelado no mensalão, o que está se mostrando hoje é um modus operandis de uma forma de governar, à margem da lei. Está claro que fica cada vez mais provado que a presidente Dilma foi beneficiária direta dos abusos de poder político e de poder econômico que foram praticados e que foram decisivos para sua reeleição. O tesoureiro do PT está preso, o marqueteiro do PT está preso, ex-presidentes do PT estão presos, ou seja, é todo uma organização criminosa que está sendo desmantelada pela investigação comandada pelo juiz Sergio Moro e com a participação do Ministério Público Federal e da própria PF.

Pergunta inaudível

O caminho do confronto não é o melhor caminho. Mas isso não nos intimida. Nós vamos manter a firmeza e a altivez que o momento precisa, o povo brasileiro que não está atrelado ao governo que não tem contracheque público, vai para as ruas no dia 13 para manifestar a sua indignação e reagir contra essa tentativa de intimidação que não pode ser aceita e que será devidamente repudiada.

Deu para surpreender o senhor o que aconteceu hoje com o presidente Lula?

De certa forma todos ficam perplexos, mas depois que o impacto da primeira notícia chega você consegue perceber que existe um país que está funcionando, onde as leis estão sendo respeitadas, e que ninguém está imune às investigações. Nós não estamos aqui condenando previamente ninguém, mas estamos defendendo que qualquer pessoa nesse país possa ser investigada e até mesmo um ex-presidente da República deve, sim, obediência à lei. E esclarecimentos à Justiça e à sociedade.

Delcídio poderá ter até 50 segundos para falar nessa delação. Um desses assuntos poderia respingar na oposição. Ele era um senador … essa delação preocupa a oposição?

Em absoluto. A delação deve ser feita em toda a sua amplitude e alcance. Essa é uma oportunidade de se buscar a verdade de todas as formas e por todos os meios. Não há nenhum receio da oposição que tem defendido essas investigações que apoia as instituições que comandam as investigações e que tudo possa ser revelado para que nós possamos ter um Brasil melhor após isso. Essa é uma oportunidade histórica de construir um pais melhor. Ou nós avançamos ou teremos o risco de um recuo de graves proporções.

A situação dele no Conselho de Ética se agrava diante do que ele informou, não?

Se agrava sim. Não sou membro do Conselho de Ética, mas tudo aquilo que foi revelado na reportagem agrava sim a situação do senador Delcidio de maneira indiscutível.

Pergunta inaudível

Não é hora de fazer o julgamento, ele terá a oportunidade de fazer a defesa de apresentar seus argumentos e será julgado pelos seus atos. O Senado dará uma resposta rápida a essa questão como fez no momento em que o senador Delcidio foi preso. O que nos cabe agora é agilizar o julgamento no Conselho de Ética para que esse episódio tenha um desfecho o quanto antes.

Existe outro caminho que não seja a cassação dele?

Essa altura é pouco provável que exista outro caminho, a não ser que o senador Delcídio em sua defesa traga fatos que contrariem tudo o que está sendo revelado. São informações públicas trazidas por toda a imprensa e que são de extra gravidade e, portanto, se no processo de defesa do senador Delcídio ele não trouxer nenhum fato novo, claro que o desfecho provavelmente será a cassação inevitável.

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