O presidente do Diretório Estadual do PSDB-SP, deputado federal Duarte Nogueira, cobrou na tarde desta quarta-feira (04) que o Ministério da Justiça estenda as investigações sobre a possível formação de cartel em licitações públicas para os projetos financiados pelo governo federal. Durante audiência realizada na Câmara dos Deputados com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), o deputado criticou o fato de que até o momento apenas contratos do governo do Estado de São Paulo – governado pelo PSDB, adversário político do PT – estarem sendo investigados.
“Pergunto a Vossa Excelência que, se existe a hipótese de um suposto cartel em São Paulo tendo a Siemens como protagonista, por que o Ministro da Justiça, em nome da isenção, não exigiu que a mesma investigação fosse feita na Eletronorte, Itaipu, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), na Usina de Belo Monte ou até mesmo no Ministério da Saúde?”, indagou o parlamentar, pontuando que todas essas instituições ligadas ao governo federal também têm contratos com a Siemens.
O parlamentar ressaltou ainda que os contratos do governo federal com a empresa alemã somam um valor até 200 vezes maior que aqueles assinados pelo governo de São Paulo. “A Siemens participa das 10 maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, bandeira da presidente Dilma Rousseff) nas áreas de energia. São obras como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. O investimento total de todas essas obras (da Siemens com o governo federal) passa da casa dos R$ 100 bilhões, que, portanto, não foram investigados”, comparou Nogueira.
No final de seu discurso, Nogueira lembrou ainda que o nome dos cinco ex-dirigentes da Siemens que assinaram o acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – Nelson Marchetti, Newton Duarte, Jan Malte Orthmann, Daniel Mischa Leibold e Everton Rheinheimer – apareceram no Diário Oficial da União assinando 33 projetos federais nos últimos dez anos, período no qual o Brasil foi governado pelo PT.
Apesar da carta anônima supostamente enviada ao Ombudsman da Siemens na Alemanha e que faz parte do processo, em tese, sigiloso, apontar desvios nas áreas de energia e saúde em todo o país, o ministro afirmou que não abriu a investigação por não ter denúncias a respeito.