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Nos últimos anos, o Brasil vo…

Nos últimos anos, o Brasil voltou a conviver mais intensamente com um clima que já nos foi mais familiar, principalmente nos anos 80: crise. Queda na Bolsa de Valores, subida do dólar, elevação dos preços, desemprego, empresas balançando e o consumo afetado pelos rumores de dias piores.

E o brasileiro resgata sua, digamos, experiência em atravessar turbulências econômicas. Parece o regresso no túnel do tempo de nossa história nem tanto distante ou o despertar definitivo do sonho que alimentamos desde a implantação do Real.

E o mais desanimador é a falta de novas estratégias para driblar as especulações, a falta de base de nossas políticas sócio-econômicas. Desde 1985, quando o País retomou a democracia só se discutiu como lidar com as conseqüências das crises, pouco se falou da prevenção, de medidas rigorosas, éticas e responsáveis que nos conduzissem a circunstâncias apropriadas para crescer com segurança, sem bolhas de ilusões, contos de fadas e paliativos que se sucedem ano a ano, governo a governo.

Só há uma saída para os países em desenvolvimento: a constante busca da auto-suficiência, tentar viver com o que se arrecada, estabelecer diretrizes inabaláveis de equilíbrio fiscal, sem demagogia e concessões. Simples” Não, porém perfeitamente possível.

A premissa vale para qualquer cidadão, família ou empresa: gastar o que ganha e, em caso de endividamento, tenha certeza de que sua renda será suficiente para preservar seu padrão de vida e honrar os débitos. Obviamente nem todos têm a felicidade de levar tal preceito por longos anos.

Com a instabilidade e eventualidades, das quais ninguém está livre, pode haver um desequilíbrio, mas logo há uma maneira de superar a turbulência. Tudo porque falamos em pessoas e empresas éticas, responsáveis. É um procedimento ligado à cultura: ética e responsabilidade.

Já no que se refere ao País, cujos governantes administram o dinheiro e o endividamento de “ninguém”, o sonhado equilíbrio fica à mercê de interesses muito maiores, refém das mazelas políticas e do corporativismo. No governo atual a balbúrdia é latente, evidente, sem nenhum compromisso ético e moral. Não fosse a Lei de Responsabilidade Fiscal, que tanto o PT combateu, estaríamos par-e-passo com países subdesenvolvidos.

Tanto a pessoa física quanto a jurídica, também o País têm que agir com responsabilidade para não “quebrar”. O trabalhador recebe seu salário, paga suas dívidas e, se sobrar algo – o que não é comum nos dias de hoje -, poupa ou investe na família, adquirindo um novo bem, fazendo uma viagem… Se por acaso faltar dinheiro, ele recorre ao crédito pessoal – empréstimos bancários, cheque especial, cartão de crédito, etc. No mês seguinte, aperta o cinto para pagar a nova dívida.

A empresa também é assim: gasta conforme a receita. Se sobrar pode ampliar sua produção, se faltar pode recorrer ao crédito em forma de capital de giro ou desconto de duplicadas. Na administração pública, não é diferente, os gastos e os investimentos devem ser compatíveis com o que se arrecada.

Agora se qualquer um dos três – trabalhador, empresa e entidade pública – falhar nos seus acordos, a situação se agrava muito. O cidadão pode chegar aos agiotas, a empresa ao factoring, a entidade pública aos bancos, ao FMI etc. Daí em diante não há mais a quem recorrer. Só há uma alternativa: honrar seus compromissos.

No caso de falhar, o trabalhador terá que abrir mão do seu patrimônio, reduzir seu padrão de vida, enquanto que a empresa pode falir ou adquirir novos sócios com capital novo, a entidade pública não é insolvente, porém entra em processo recessivo, falta de emprego, violência, decadência, são os primeiros sintomas de um País em crise.

Como evitar tudo isso: agir com responsabilidade e segurança. Primeiro tentar evitar novos gastos antes de ampliar sua capacidade de endividamento. No caso da dívida ser inevitável, ter coragem e responsabilidade para fazer as mudanças necessárias: reduzir gastos, eliminando supérfluos, desperdícios, substituindo produtos etc.

O País faz isso” Há quanto tempo reivindicam a reforma fiscal, para tentar aproximar o orçamento do equilíbrio com a arrecadação” Quantos exemplos são dados de tempos em tempos da falta de coerência nos gastos públicos, quando precisamos reduzir as despesas” E o funcionalismo” Haverá complacência por parte deles quando alguém tiver a coragem de concluir que o comprometimento de 30% da arrecadação com a folha de pagamento é um absurdo” E as verbas para os projetos do Congresso: construção de pontes, estradas e outras obras eleitoreiras” Quem ousará peitar “aliados” de ocasião”

Esse é o caminho para o crescimento, que irá nos dar base para pagar dívidas contraídas ao longo das décadas, sem depender de especuladores que dão o ritmo da economia mundial com o vaivém de seus bilhões de dólares. Temos de honrar os compromissos e o primeiro deles é fazer o dever de casa, agir com responsabilidade e ética.

O Brasil precisa resgatar o prazer do trabalho que se perdeu com a modernização das leis de consumo. O trabalho que nos faz perceber a capacidade de transformar o que nos cerca, também nos dá o justo salário que, por sua vez, nos presenteia com a possibilidade de consumir algo, desde um bem até um serviço.

Hoje, essa seqüência está totalmente invertida. Primeiro corremos atrás dos bens e serviços – muitas vezes urgentes – para depois pagar à custa de muito suor e preocupação. Daí o desânimo, o ceticismo quanto às chances de crescermos com segurança e de consolidarmos nossa cidadania.

Vamos combater as conseqüências da crise, mas sem esquecer de tomar decisões preventivas que nos coloquem cada vez mais distantes dela. O ditado é antigo, porém serve como uma luva para o atual momento: “melhor prevenir que remediar”.

Valdir Campos Costa é Conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, Membro da 5ª Câmara de Auditores do Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, Delegado do PSDB da Bela Vista em São Paulo – Capital e Diretor da Conape Auditores Independentes

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