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O brado da pátria amada

O jovem não é um sujeito isolado do restante da sociedade. E, de uma forma geral, toda a sociedade tem partilhado certa descrença na ação política. Num contexto histórico em que muitas pessoas estão desanimadas com a política, devido a tantos escândalos e bizarrices, é evidente que muitos jovens também vão partilhar deste sentimento. No entanto, o que é política? Nas últimas pesquisas realizadas com jovens sobre esse tema, é interessante notar que, ao falar de política, muitos afirmam que não gostam. Mas quando se trata do tema da participação social, a maioria acha que é muito importante.

E aí me pergunto, participar não é um ato político? É certo que a palavra política está muito associada ao governo, ao partido… Mas se ampliarmos esta noção de política para a ideia de participação pública e coletiva pode crer que muitos jovens não só gostam de política como têm um forte engajamento, maior inclusive que qualquer outro segmento social.

Nos últimos meses,em todo o país, acompanhamos uma juventude em busca da efetiva participação política para influenciar as decisões, fiscalizar a sociedade, e dar um grito de chega! Cansei de tanta coisa errada. E a arma utilizada passou longe das burocracias dos partidos políticos e acabou (começou) na internet. Ok, o público de junho mudou com o decorrer dos meses.No Dia da Independência, por exemplo, que prometia ser o maior ato de massas contra a corrupção, foi um ato em que a população não estava presente e também não vimos os cartazes pessoais, as famílias ou crianças. O que ocorreu foi uma grande baderna nacional, com grupos de mascarados que já saíram de casa com o intuito de “não vou mostrar meu rosto pra não me reconhecerem quando eu começar a quebrar tudo”. Tá bom, estavam lutando em coro contra a corrupção, pedindo a prisão dos mensaleiros, porém, promoveram a depredação do patrimônio público e privado e viabilizaram os confrontos com a polícia. Na minha opinião erraram.

Sem subestimar esse movimento, podemos constatar com os relatos acima, que o Brasil de junho não estava na rua no Dia da Independência. Mas havia um Brasil, mesmo que em minoria, temos que admitir. A mobilização pela internet funcionou e mostrou que pode unir pessoas em torno de um ideal e com isso implodir as máquinas partidárias.

Mesmo que a maioria dos partidos não desenvolva canais de acesso fácil a espaços políticos, o fato é que, em relação àqueles que querem participar da política, na internet a participação é livre, pode-se dizer o que se quer multiplicar o que se pensa, formar redes numa multiplicidade de temas, numa frequência maior que os políticos com mandato e mobilizar a opinião pública.

Hoje estamos vivendo um ambiente muito diferente, com ampla participação dos jovens que, filiados ou não a partidos, opinam, pressionam e chegam à sociedade, independentemente da vontade e da autorização dos caciques de plantão. Com isso, a participação dos jovens voltou a dar dinamismo ao processo político e os partidos que entenderem isso estarão conectados ao futuro.

Igor Cunha é presidente municipal da Juventude do PSDB-SP 

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