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O Brasil, com Lula, merece um “Oscar” (Parte 1)

POR ALBERTO GOLDMAN 

Lula é uma figura fascinante. Na sua entrevista ao Roberto D’Ávila no Globo News, em algumas passagens me veio a imagem do ator inglês “Sir” Laurence Olivier no filme “Hamlet” com o qual foi premiado com o “Oscar” de melhor ator e melhor filme. Lula é um ator de primeira. Teve um desempenho digno de um “Oscar”. Vai aqui um link da entrevista:

Inteligente, vivo, esperto e com uma característica de caráter que o fez vencer na vida: não tem compromisso com a verdade. O que lhe interessa são os resultados. O presente não precisa ter consonância com o passado, muito menos com o futuro. É capaz de afirmativas corretas e cativantes que servem para dar um ar de veracidade às narrativas mais falsas para justificar suas opiniões e ações.

Lula diz que a democracia é “uma coisa interessante” e que fora da política não existe saída. Excelente. Correto. Falou em tolerância e que ouvia empresários, políticos, a “todos” enfim. É verdade. Mas inquirido pelo entrevistador sobre a sua declaração de possível mobilização nas ruas do “exército do Stédile” para defender a Dilma, contrariando a saída política e a tolerância, se fez de surdo.

Lula afirma que nunca no Brasil se teve em 12 anos um crescimento igual ao período petista. É falso. O país cresceu, durante o período militar do “milagre econômico” ( 1968 a 1973 )a taxas médias de 10% ao ano e no período subsequente a taxas médias de 7,0% a.a. até 1980. Durante o governo Lula e o primeiro mandato de Dilma cresceu 3,4% ao ano, em média, e se computarmos as previsões de 2015 e 2016 – quedas no PIB de 3% e 2% respectivamente – a média passa a 2,5% ao ano nesses 14 anos de petismo (se Dilma cumprir 2016).

No período FHC a média dos 8 anos foi de 2,4% ao ano. Leve-se em conta que durante os anos Lula e parte de Dilma houve um “boom” na economia internacional, em especial nas transações com as “commodities” onde o Brasil é muito forte. Vale dizer que mesmo nas condições excepcionais da economia mundial, Lula não fez tão bonito quanto alardeia. Quanto aos aumentos do salário mínimo que proclama nada fez mais que continuar a política do governo anterior que, desde 1995 concede índices de aumento maiores que a inflação, sendo que em seu período de 8 anos o aumento foi semelhante aos 8 anos anteriores.

Lula também afirma que estamos no pior momento do mundo emergente e credita à crise internacional as nossas dificuldades (aí, com uma pitada de honestidade, faz a ressalva de que também se deve às nossas escolhas equivocadas). Mas o fato real é que dentre o mundo emergente, dentre os países subdesenvolvidos e dentre os países da América Latina, além do mundo em geral, o Brasil se situa atualmente entre os de menor índice de crescimento do PIB. Justifica esse desastre dizendo que Dilma procurou dar subsídios para manter o crescimento e o emprego e só depois ela começou a perceber o que se passava. Ora, ignorante é o que ela não é pois avisou que iria fazer “o diabo” para vencer as eleições.

De forma cínica Lula diz o que se quer ouvir, isto é, que a responsabilidade fiscal é obrigação, não se deve gastar mais do que se arrecada. Em seguida, que é preciso mais investimentos públicos para retomar o crescimento, sabendo que com a recessão brutal pela qual passamos há queda de arrecadação, o que inviabiliza investimentos públicos.

*Artigo publicado no blog do Goldman

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