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O cerco se fecha

 

POR MIGUEL HADDAD

MiguelNo início da semana o quadro político brasileiro, que permanecia indefinido, começou a se movimentar. O primeiro sinal veio com a prisão, na terça-feira (24), de José Carlos Bumlai, amigo de Lula acusado de receber propinas e empréstimos que burlavam as regras do BNDES.

A percepção era a de que o cerco estava se fechando. A prisão de Bumlai podia atingir Lula, o que seria muito ruim para Dilma. Isso porque, na questão pendente do impeachment (com a queda de Cunha, esse tema voltará ao centro da discussão nacional, fortalecido pela piora da economia), ela não contaria mais com a única figura do PT com envergadura política capaz de fazer frente a um movimento popular por sua saída.

Caso a Lava Jato ou outro inquérito em andamento prosseguisse nessa escalada chegaria o momento em que a engrenagem que saqueou o País, e nos fez mergulhar no que talvez seja a maior crise de nossa história, seria posta em pratos limpos.

Com isso, nosso País teria vencido o seu maior inimigo, a descrença da maioria dos brasileiros na punição dos verdadeiros culpados, que nos rouba a esperança, o principal ingrediente para construirmos o futuro. Estaria assim aberta a porta para a mudança, para o caminho que poderá nos levar a um novo Brasil.

Essas afirmações, que no começo da semana estavam no condicional, passaram ao modo afirmativo mais rápido do que se esperava. Na quarta-feira (25), o Brasil acordou com a notícia, até então historicamente inédita, da prisão do senador Delcídio Amaral, líder do governo no Senado. As acusações contra o senador petista são as de sempre: propinas e manobras para evitar delações – inclusive oferecendo um “salário” de milhares de reais para Nestor Cerveró fugir do país e viver um exílio dourado na Espanha.

Na noite desse mesmo dia, em votação plena de significado, contrariando a vontade do governo – a bancada do seu partido foi a única a votar em peso pelo voto secreto, que poderia facilitar o relaxamento da prisão -, o Senado aprovou a manutenção da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O recado é claro: não dá mais para trancar o andamento dos inquéritos. Como disse a ministra Carmem Lúcia, na decisão do Supremo que aprovou a prisão do senador petista, “o crime não vencerá a Justiça”.

O que parecia distante, ao findar a semana, se afigura agora como inevitável. Está próximo o momento em que o PT não terá mais força política para evitar a derrocada.

Com certeza vamos enfrentar tempos difíceis para arrumar a casa. Mas teremos de volta a esperança.

Miguel Haddad é deputado federal pelo PSDB

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