A inflação deu mais um pinote e já está lambendo a faixa dos 10% ao ano. Vivemos a pior combinação possível: a recessão econômica rolando solta, o desemprego em disparada e a carestia se encarregando de tirar comida da mesa dos brasileiros. Não é qualquer governo que consegue produzir um feito destes.
Nesta manhã, o IBGE divulgou o índice oficial de inflação de outubro. Os preços subiram em média 0,82% no mês, praticamente o dobro de um ano atrás. Trata-se da mais alta taxa para o período desde 2002 – quando, recorde-se, o Brasil vivia o temor da eleição de Lula. É Dilma Rousseff, mais uma vez, fazendo história.
São recordes atrás de recordes. No acumulado em 12 meses, a inflação já chega a 9,93%. É a mais alta, nesta base de comparação, em quase 12 anos. Em cidades como Curitiba e Goiânia, o índice já ultrapassa 11%.
Desde 1996, ou seja, em quase 20 anos, a inflação acumulada entre janeiro e outubro não era tão elevada: 8,52%. Em todo o país, a alta da energia no ano beira 50% e a dos combustíveis supera os 20%.
Esta profusão de números fornece o tamanho da corrosão do poder de compra dos trabalhadores brasileiros decorrente da leniência com que o governo petista assistiu o dragão ganhar fôlego, sem nada fazer para impedir. Não há salário que consiga acompanhar a inflação.
Mais grave ainda, quem mais sofre são justamente os mais pobres. Para famílias que ganham até 2,5 salários mínimos, a inflação referente aos últimos 12 meses já alcança 10,67%. Há quatro meses, o índice, calculado pela FGV, vem batendo recorde histórico, situando-se na máxima da série iniciada em 2004.
Para complicar, não há refresco à vista no horizonte. Atônito, o Banco Central já se desincumbiu de trazer a inflação para a meta em 2016. Diz que conseguirá, no máximo, impedir que a carestia fique acima do teto estipulado pela política monetária para o ano que vem. Talvez, quem sabe, em 2017…
A desestruturação da economia brasileira neste momento é tão aguda que instrumentos clássicos de combate aos aumentos de preços já se revelam impotentes. Maior arma para impedir a alta da inflação, a política de novos aumentos de juros, por exemplo, hoje só serviria mesmo para elevar ainda mais a dívida pública.
Ao longo dos últimos anos, foram insistentes os avisos feitos por analistas, técnicos e pela oposição quanto aos riscos de descontrole inflacionário. A presidente e seu partido sempre desdenharam e, pior ainda, pisaram fundo em políticas fracassadas de controle artificial de preços. Graças à irresponsabilidade do PT, a maior conquista da sociedade brasileira nas últimas décadas encontra-se hoje mais ameaçada do que nunca.