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O emprego em risco, análise do ITV

O mercado de trabalho, infelizmente, começou a ser afetado pela má gestão da economia por parte do governo Dilma Rousseff. A geração de empregos vem perdendo vigor e, a continuar assim, tende a comprometer também a popularidade da presidente. São os trabalhadores sofrendo as consequências da inépcia do partido que diz representá-los.

A criação de empregos caiu 75,7% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o pior resultado para o mês desde 2009, quando tanto o Brasil quanto todo o resto do mundo estavam mergulhados em severa recessão.

Entre admissões e demissões, foram abertos apenas 29 mil postos de trabalho no mês, de acordo com números do Caged, do Ministério do Trabalho, divulgados na sexta-feira. Em janeiro de 2012, o saldo havia sido de 119 mil vagas e, em janeiro de 2010, chegara ao recorde de 181 mil. Desde então, só piorou, e muito.

O resultado frustrou as expectativas tanto do governo – que apostava na abertura de 100 mil novas vagas no mês – quanto de analistas econômicos. A média para meses de janeiro é de 37 mil novas vagas abertas e, neste ano, o mercado esperava algo em torno de 46 mil novos empregos gerados, de acordo com a Reuters.

Segundo especialistas, o índice de emprego é, habitualmente, um dos últimos a refletir o enfraquecimento da economia. Assim, os dados conhecidos na sexta-feira podem “indicar fraqueza na recuperação da atividade econômica” brasileira, conforme avaliou a agência internacional de notícias.

O governo traçou como meta para 2013 gerar 1,7 milhão de novos postos, o que nem de longe o resultado de janeiro permite chancelar. Para atingir o alvo, a média mensal de geração de empregos até dezembro terá que crescer 40% em comparação com a do ano passado. Difícil.

Setores que até aqui vinham assegurando o dinamismo do mercado de trabalho agora passaram a demitir. É o caso do comércio, que fechou mais de 67 mil postos no mês. Janeiro é época em que tradicionalmente o setor esfria, mas o resultado foi o pior para o mês em 21 anos, ou seja, desde 1992, quando se inicia a série histórica.

O setor de serviços como um todo – que, em 2012, respondeu por 51% das vagas abertas no país – só criou 14,8 mil novos postos no mês. Também houve queda, embora menos numerosa, na agricultura – mas vale ter presente que, nos últimos 12 meses, o setor já fechou cerca de 14 mil empregos. Em 16 unidades da Federação, as demissões superaram as contratações em janeiro.

A situação do mercado de trabalho só não piorou mais porque a indústria surpreendeu e criou 43 mil postos de trabalho em janeiro. Mas as dificuldades do setor secundário da economia para gerar empregos são consideráveis. Ontem, O Estado de S.Paulomostrou que os custos do trabalho na indústria subiram 6,6% em 2012, retirando-lhe mais um naco de competitividade.

Uma análise mais detida do mercado de trabalho brasileiro revela que, a despeito do desemprego nas mínimas históricas e do avanço do rendimento real dos ocupados, a economia brasileira limita-se hoje a gerar empregos mal remunerados.

“Assim como nos últimos quatro anos, a geração de postos de trabalho [em 2012] foi sustentada por empregos com baixa remuneração, que pagam até dois salários mínimos”, informou o Valor Econômico há dez dias. Em todas as demais faixas salariais, o saldo entre admitidos e demitidos foi negativo no ano passado – repetindo o desempenho de 2011.

Na sexta-feira, o IBGE deve confirmar que a economia brasileira cresceu quase nada e o PIB per capita estagnou no ano passado. O comportamento recente do mercado de trabalho é a evidência mais saliente de que a condução do país está equivocada e não tem gerado os benefícios que a sociedade espera.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

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