A inflação voltou a assombrar a vida dos brasileiros. Isso poderia soar estranho para os mais jovens. Afinal, quem tem por volta de 20 anos nunca ouviu falar em custo de vida, alta dos preços e essas coisas do passado.
Desde o Plano Real, em 1993, a garotada não via a mãe voltar da feira ou do supermercado reclamando dos preços como agora.
Mas o fato é que a juventude brasileira começa a conhecer a inflação. Na semana passada o IBGE anunciou a alta de 6,7% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos doze meses, a maior taxa desde outubro de 2011. É a segunda vez que estouramos a meta de 6,5%. Em março ela foi de 6,6%, quando o tomate deu aquele salto, e caiu, mas ainda continua 60% mais caro.
Na média, a nossa inflação é quatro vezes maior que a de 34 países em desenvolvimento como o Brasil. No acumulado do ano, a vida já está 3,15% mais cara. O Banco Central aumentou a projeção para o custo de vida do brasileiro até dezembro. Há pouco mais de um mês era de 5,81% e agora está em 5,86%. Certamente, as donas de casa cada vez que vão às compras se espantam com o preço do macarrão, do pãozinho, do arroz e de outros produtos.
Agora as autoridades falam em importar feijão para abastecer… o país do feijão! Da pra acreditar? O Brasil precisa de 700 mil toneladas do grão para o consumo interno. Mas como o preço também anda pela hora da morte, estão cogitando comprar lá fora. Hoje o quilo do feijão custa R$ 6,60, numa alta de 16% sobre junho do ano passado. O leite é outro vilão, com alta de quase 9% desde janeiro. E o governo também quer aumentar as importações do produto em pó da Argentina, numa tentativa de segurar os preços.
O momento é delicado, mas uma coisa é certa: não podemos permitir o retorno das terríveis maquininhas de remarcar preço nos supermercados.