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O maior desafio da história de São Paulo

Por João Doria

A pandemia de Covid-19 virou o mundo de ponta-cabeça, gerou ansiedade, temor, mortes, confrontos e chacoalhou verdades estabelecidas. Entendo que haja discordâncias e descontentamentos. Mas, à semelhança das grandes democracias, enfrentamos o coronavírus adotando as referências da medicina e da ciência. Ou seja, que o isolamento social é a única forma de evitar a explosão mortífera do vírus.

Em quarentena, ganhamos tempo para preparar hospitais e profissionais da saúde, pesquisar vacinas, certificar medicamentos e produzir testes. Um tempo necessário para cuidar das consequências que atingem os mais vulneráveis. E também para rearranjar a produção industrial e os serviços.
Governos responsáveis estabeleceram prioridades e ações, não politizaram o vírus. Precisamos nos preparar para vivermos com o máximo de normalidade em meio à maior excepcionalidade em mais de um século.

Em São Paulo, teremos quarentena até dia 10 de maio. Nenhum governante tem prazer em ampliar o período de quarentena. Aqui não brigamos com a ciência. Aqui, respeitamos a ciência.

Em boa parte do Brasil, no entanto, vivemos um paradoxo: o acerto das medidas de governadores e prefeitos, que pouparam milhares de vidas até o momento. E os que minimizaram a doença, dando voz a falsos profetas de uma normalidade que não existe. Houvesse pilhas de corpos, os que hoje se queixam estariam em silêncio.

Muitos desperdiçam tempo com debates estéreis, manifestações irresponsáveis e com a promoção de ódio. Será que não conseguem romper a cegueira da ignorância, do egoísmo ou do oportunismo, para olhar além de seus interesses mesquinhos? Fere a lógica imaginarmos que alguns tentam fazer comício em velórios. Não podemos cultuar a morte. Em São Paulo pensamos o contrário: vamos celebrar a vida.

A pandemia cancelou os Jogos Olímpicos, paralisou fábricas, congelou conflitos armados. Confinou 4,5 bilhões de pessoas em 110 países. E agora está superlotando hospitais, ameaçando médicos e enfermeiros. O que ainda é preciso para reconhecer tamanho poder destruidor?

Até que surja uma vacina ou remédio comprovadamente eficaz, o coronavírus será parte do nosso cotidiano. São Paulo preparou sua estrutura de saúde para enfrentar a curva de contaminação.

Estamos comprando equipamentos. Ampliamos o número de leitos. Contratamos novos profissionais. Montamos hospitais de campanha.

Adotamos medidas para reduzir o impacto social da pandemia. Está em curso a maior ação solidária da história do Estado: a doação de quatro milhões de cestas básicas de alimentos, para atender a população mais carente. Uma cesta reforçada com produtos de higiene e limpeza. Essa ação solidária é resultado de doações de quase 90 empresas.

O Estado fornece ajuda financeira para mais de 700 mil alunos da rede pública, em situação de extrema pobreza. Negociamos, com as empresas de água, luz e gás encanado, a carência de 90 dias para famílias de baixa renda que estejam inadimplentes.

Precisamos de união para construir a nova realidade. Quanto maior for nossa disciplina e respeito ao próximo, mais eficiente e segura será a retomada gradual da economia.

Cada município, empresa, indústria ou comunidade deve providenciar suas regras de distanciamento físico nos equipamentos de uso coletivo. Precisamos rastrear rapidamente possíveis contaminações para isolar potenciais doentes e evitar surtos.

A quarentena é uma etapa imprescindível para que São Paulo, e o Brasil, vençam o maior desafio da sua história. Temos de nos guiar pela ciência para derrotar o vírus, pela inovação para retomar o desenvolvimento e pela solidariedade para reduzir o sofrimento. Essa é a tarefa de quem não tem tempo a perder. Nem medo do que fazer.

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