As novas denúncias no escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro da Petrobras não deixam dúvidas quanto ao fato de que o esquema implantado nos governos Lula e Dilma e que dilapidou o patrimônio da maior empresa pública do país pode ser considerado uma continuação ampliada do Mensalão, como ficou conhecido o pagamento de parlamentares da base aliada em troca de votos no Congresso e que levou à prisão a maioria dos denunciados. Desbaratada pelas investigações à época, e delatada por um de seus membros, o então deputado federal Roberto Jefferson, a quadrilha formada para manter a unidade em torno das decisões do Executivo, à base de propina, acabou migrando, com outros nomes e novos métodos, para as entranhas da estatal do petróleo, já há muito tempo aparelhada pelo PT e partidos aliados. Com o meticuloso trabalho de apuração da Polícia Federal e a delação acordada com a Justiça do ex-diretor Paulo Roberto da Costa, que passou a colaborar com as investigações – a exemplo do que fez Jefferson -, novas informações vieram à tona, como os nomes de deputados, senadores, ministros e um ex-governador, apontados pelo delator como beneficiários do esquema de corrupção, cuja abrangência, ainda incerta, pode chegar a uma centena de pessoas. O tamanho do “Petrolão” impressiona e faz o episódio do Mensalão assumir contornos diminutivos, quando se comparam os valores desviados. Enquanto no segundo caso as somas da corrupção ficam na casa dos R$ 100 milhões, no primeiro as apurações até o momento já indicam algo em torno de R$ 4 bilhões. O próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ficou surpreso ao saber dos detalhes financeiros do esquema e declarou nunca ter visto “tanto dinheiro”. Por tudo isso, somado à luta da oposição para se fazer uma investigação séria e aprofundada sobre mais este escândalo sem precedentes do governo petista, a antes desacreditada CPMI da Petrobras ganhou força e pode se transformar na mais importante instância para que os eleitores conheçam, de preferência antes das eleições, quais são os políticos que roubaram a empresa e, assim, tenham tempo de puni-los nas urnas. Foi assim em 2006, na CPI dos Sanguessugas, que investigou desvios de dinheiro público na compra de ambulâncias e envolveu 72 parlamentares. Como sub-relator da comissão, apontei as provas contra todos e entreguei o relatório final uma semana antes das eleições daquele ano! O resultado foi que 67 acusados não conseguiram se reeleger. Eis aqui uma demonstração clara de que a população, quando bem informada, vota certo! A CPI do Mensalão, da qual também fui sub-relator, igualmente encontrou resistência e ceticismo perante a opinião pública, mas cumpriu seu papel, ajudando a formalizar as provas contra os 40 denunciados – parte deles hoje está no Presídio da Papuda, em Brasília, cumprindo pena. Por essas considerações, estou convencido de que não será diferente agora, na CPMI da Petrobras! Como membro titular da comissão, não vou medir esforços para agilizar as investigações a ponto de possibilitar que o Brasil conheça todos os envolvidos no escândalo, antes de 5 de outubro. É o mínimo que a população brasileira espera e merece! Carlos Sampaio, deputado federal, é procurador de justiça licenciado, coordenador jurídico nacional do PSDB e membro da CPMI da Petrobras.