Andrea Matarazzo
Como muitos outros bairros de São Paulo, a ocupação do Morumbi começou no século 19 como um loteamento de chácaras.
Localizado outro lado do rio, era um local afastado da cidade que começava a crescer. Só a partir da década de 1960 o bairro começou a se urbanizar e integrar a metrópole. Lugar de contrastes – abriga grandes condomínios e favelas como vizinhos – até hoje o Morumbi mantém áreas verdes importantes. Quem vê o bairro hoje talvez não consiga imaginá-lo como o paraíso bucólico que foi um dia.
Foi no Morumbi que a arquiteta Lina Bo Bardi, autora do projeto do Masp, construiu em 1950 sua Casa de Vidro. A belíssima construção modernista surge do meio da mata suspensa sobre pilares finos, que transmitem leveza e integração com a mata ao redor. No mesmo ano, o engenheiro Oscar Americano também escolheu o Morumbi para construir sua casa, projetada pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke.
Igualmente em estilo modernista e cercada de um imenso e lindo parque, a casa dos Americano e dos Bardi têm em comum, ainda, o fato de que são hoje espaços públicos e abertos à visitação. O mesmo acontece com a Casa da Fazenda, construção da antiga propriedade que deu nome ao bairro. Construída em 1813, ela é hoje utilizada como restaurante. A capela existente no terreno, da mesma época, foi recuperada e recebe atividades culturais de pequeno porte.
Também Francisco Matarazzo Pignatari – o Baby Pignatari – escolheu instalar sua residência de campo no Morumbi, ainda na década de 1950. A Chácara Tangará teria uma casa projetada por Oscar Niemeyer e jardins de Roberto Burle Marx; a casa não chegou a ser concluída mas os jardins, preservados, foram transformados no Parque Burle Marx. Junto com o Parque Alfredo Volpi, é uma das áreas verdes significativas do bairro.
Não podemos esquecer que o Morumbi, hoje, é a sede do Governo do Estado de São Paulo. Construído originalmente para abrigar a Faculdade de Economia Matarazzo, com projeto inicial do arquiteto italiano Marcello Piacentini, o Palácio dos Bandeirantes possui um rico acervo de arte sacra que, assim como o prédio e seus jardins, é aberto à visitação. Desta forma, o Morumbi se destaca pelo uso público de antigos prédios históricos, o melhor caminho para a preservação do patrimônio arquitetônico.