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O novo modelo de escola

1442369092672O Estado de São Paulo figura entre as três melhores posições do Brasil quando o assunto é educação básica. Com suas cerca de 5.000 unidades, muitas vezes com situações de vulnerabilidade, essa rede pode se orgulhar de algumas importantes bandeiras que adquiriu ao longo dos anos. Mas orgulho não é sinônimo de conformismo. Ao contrário. Novos desafios se impõem à medida que avançamos.

Reduzir a educação a uma escala de proficiência é alijar do processo educacional toda uma geração em constante mudança e movimento. Nossa missão enquanto gestores públicos, portanto, é primeiramente admitir que, apesar da inclusão e de índices educacionais melhores, a busca pela equidade nos distanciou do anseio do aluno. Permanecemos entregando uma velha escola a um novo estudante.

Não há ineditismo em tal constatação nem privilégio paulista em tal cenário. Tampouco brasileiro. O mundo discute a necessidade, inexorável, de um novo modelo de escola. O nosso cenário não poderia estar mais propício a mudanças.

O Brasil vem sofrendo uma forte e constante redução na quantidade de matrículas na rede pública de ensino. Segundo dados do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), nas escolas estaduais de São Paulo há 2 milhões a menos de estudantes em comparação a 1998.

Além da diminuição da taxa de natalidade, a municipalização e a migração de alunos para a rede privada são os responsáveis pela inversão da pirâmide demográfica.

A queda de matrículas aliada a uma expansão urbana desordenada nos submete a uma rede de escolas concebidas para atender uma população que se transformou e anseia por mudanças. As conquistas obtidas nos últimos anos pavimentaram a estrada que agora nos possibilitará inovar mais uma vez.

O governo Geraldo Alckmin dá início a partir deste mês a um movimento histórico em suas unidades de ensino com foco na construção de um novo modelo de escola e na melhoria do aprendizado.

Qualquer que seja a ação à luz da construção de uma escola mais próxima do jovem, ela passa necessariamente por uma reorganização da rede, concentrando na mesma unidade alunos da mesma faixa etária e concebendo um ambiente mais propício para a aprendizagem.

Escolas que atendam alunos do mesmo segmento de ensino ou de segmentos próximos entre si terão condições estruturais e, sobretudo, pedagógicas para articular o espaço e o tempo a serviço do currículo.
Indicadores da secretaria e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram que escolas de ciclo único têm resultado 10% superior às unidades de três segmentos.

Onde for possível, vamos separar crianças de adolescentes para que todos recebam ambientes e ferramentas de acordo com suas necessidades. Estimativas prévias apontam que é possível crescer em 30% o número de escolas com só um ciclo de ensino (do 1º ao 5º ano, do 6º ao 9º ano ou médio). Em outras, haverá uma organização para se ter os dois ciclos do fundamental.

O esforço para a mudança é de todos. Não é tarefa simples. Mas os meses de planejamento e estudos nos dão segurança de que estamos no caminho certo. O mapeamento das vagas ociosas, realizado por georreferenciamento, confere aos responsáveis, estudantes e funcionários a garantia de um deslocamento máximo de 1,5 km, a fim de minimizar os contratempos e facilitar a vida das famílias.

Meu compromisso não é com os prédios escolares, mas com o dever enquanto gestor público e, sobretudo, educador de oferecer um ambiente escolar de mais qualidade.

É com uma escola voltada para a criança pequena, para o pré-adolescente ou para o adolescente que São Paulo dá mais um passo pela melhoria da qualidade de ensino. Limitar o aprendizado aos muros da escola é supor que ele se dá exclusivamente pela perspectiva dela.

A prepotência de imaginar que detemos a fórmula de ensinar fez do aluno espectador de um processo que nasce a partir e somente por ele. Repensar a estrutura, portanto, é o primeiro passo para legitimar o seu lugar e modificar a cultura e a função social da escola pública.

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