O presidente nacional e candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira (27), em Teresina (PI). Ele respondeu a perguntas sobre a chapa no Piauí; o governo federal; as eleições 2014; o PMDB; a escolha do candidato para o vice-presidente; a denúncia de monitoramento de prefeitos pelo governo e o Programa Bolsa Família.
A seguir, trechos da entrevista.
Sobre viagem ao Piauí.
É com uma alegria muito grande que chego hoje a Teresina, acompanhado dos meus companheiros do PSDB, companheiro Silvio Mendes, prefeito Firmino, lideranças, parlamentares, para selarmos aqui um entendimento. Um entendimento em favor do Piauí, em favor do Brasil, da boa política. Da política feita com respeito, com seriedade e também com eficiência.
A grande verdade é que este ciclo de investimentos por que passou o Brasil excluiu o Piauí. Dos grandes investimentos estruturantes feitos no Brasil, inclusive nessa região, o estado ficou fora. O que temos é que, rapidamente, efetivar uma reconciliação do Piauí com o governo central, garantindo investimentos que visem o desenvolvimento da região, seja na sua infraestrutura, na geração de energia, que é uma questão essencial aqui para o estado, no seu porto. Enfim, um conjunto de ações de infraestrutura que permita que o estado do Piauí cresça com indicadores ainda mais sólidos e vigorosos do que aqueles que vêm crescendo.
O Piauí tem um potencial de crescimento extraordinário. A sua fronteira Sul já é uma fronteira desbravada, que cresce na produção de grãos, de soja, especificamente. Tem um potencial turístico também extraordinário, o Delta do Parnaíba é uma das coisas mais extraordinárias e lindas que alguém pode conhecer. Temos que ter um projeto de desenvolvimento econômico e social. Com começo, meio e fim.
O Brasil virou hoje um grande cemitério de obras inacabadas por toda parte, com sobrepreços. Isso pune, e pune todos os brasileiros. O que quero hoje aqui, no momento em que selamos uma aliança com o governador Zé Filho, é propor um novo ciclo de desenvolvimento para a região e, em especial, para o Piauí, em parceria com os companheiros que estão aqui.
O apoio de lideranças do PMDB no Nordeste terá repercussão nacional?
Claro que sim. O que está havendo, de forma muito clara, é um distanciamento de lideranças importantes de vários partidos, especialmente do PMDB, do governo central. Porque o governo da presidente Dilma fracassou. Fracassou na condução da economia, ao nos deixar como herança a inflação voltando a atormentar a vida e a mesa do trabalhador brasileiro, o menor crescimento entre todos os países da região. Do ponto de vista da infraestrutura, como disse, é um governo que não entrega, pois as obras são orçadas por um preço, não ficam prontas, e esse preço já passou do dobro, como acontece com a transposição do São Francisco, a Transnordestina, Abreu e Lima, refinaria construída em Pernambuco, para citar apenas alguns exemplos.
E no campo social, onde o PT dizia que era o grande construtor de um novo Brasil, o que estamos percebendo é que a saúde piora a cada dia. Nos últimos onde anos de governo do PT, a cada ano o governo federal participa com um pouco menos do financiamento da saúde. Era 56% quando eles assumiram de financiamento do governo central, hoje são 45%. Na educação, em qualquer ranking internacional o Brasil está no final da fila em qualidade da educação.
E na segurança pública, essa tragédia com a qual somos obrigados a conviver todos os dias, e aqui na região isso é extremamente grave, sem que o governo federal assuma a sua parcela de responsabilidade. Há uma omissão criminosa do governo federal na questão da segurança pública brasileira. Para se ter uma ideia, 87% de tudo que se gasta em investimentos em segurança no Brasil vêm dos estados e municípios, apenas 13% vêm da União. E há uma aplicação de investimentos do orçamento muito aquém daquilo que seria minimamente razoável. O Fundo Penitenciário, por exemplo, no governo da presidente Dilma, apenas 10% de tudo que foi aprovado foi efetivamente gasto.
O que queremos é um governo onde a decência possa se juntar à eficiência, onde o governo possa entregar às pessoas, aos cidadãos, serviços de maior qualidade.
E uma outra questão que é extremamente grave, e que está na base da nossa proposta, é a refundação da Federação no Brasil. Os municípios hoje são pedintes do governo federal, isso não pode continuar acontecer. A Federação está acabando no Brasil. Temos que resgatar a capacidade dos municípios brasileiros e também dos estados enfrentarem suas dificuldades, com mais recursos, para atender melhor à população.
Sobre o ex-governador José Serra e o candidato a vice.
É uma honra para qualquer um ter o Serra como companheiro. Ele estará no nosso projeto de governo. A questão da Vice-Presidência será decidida na próxima segunda-feira, após uma consulta ampla que está sendo feita não apenas ao PSDB, mas aos partidos que estão ao nosso lado. Agora, nesse instante, há uma hora, o PTB, em uma convenção nacional, em Salvador, na Bahia, acaba de homologar, por aclamação, o apoio do PTB à nossa candidatura. É um partido que também será consultado, como outros que já integram a nossa coligação. Vamos ter uma composição de chapa que nos leve à vitória.
Sobre palanque no Piauí.
Conto certamente com a liderança dos companheiros do PSDB, a começar por eles aqui no Estado. Falei do prefeito Firmino, um dos grandes quadros do PSDB em todo o Brasil, com o companheiro, ex-prefeito Silvio, também um quadro político extraordinário, que honra qualquer partido, e que participará da chapa majoritária que hoje empresa seu apoio à nossa candidatura. Vamos fazer uma belíssima campanha, mostrando de forma muito clara quais são as prioridades do Estado, de que forma o governo federal vai estabelecer parcerias com estados e municípios para que essas prioridades sejam atendidas. Estou extremamente feliz com essa construção política que aqui foi feita. E alianças com o PMDB estão ocorrendo em muitos estados brasileiros. Os senhores terão notícia ainda durante esse final de semana de outras alianças do PSDB com o PMDB em alguns outros estados.
Sobre denúncia publicada pelo jornal Extra de que Secretaria ligada à Presidência da República monitora prefeitos com objetivos eleitorais.
O que há é um afastamento crescente de partidos e de lideranças desse governo. O que o PT faz, na verdade, mais uma vez, é confundir aquilo que é público com aquilo que é partidário e privado. O PT, ao promover essa caça às bruxas, na verdade, comete um crime eleitoral, porque a estrutura do Estado brasileiro e funcionários do Estado brasileiro não podem estar exercendo funções de campanha eleitoral, como fica claro nessa denúncia recentemente publicada. Por isso estamos arguindo a Justiça Eleitoral, ao Ministério Público, inclusive por crime de improbidade em relação ao ministro responsável por essa área e por fazer dossiês. Ele é conhecido e reconhecido no Brasil – vocês se lembrarão do episódio dos “Aloprados” – por fazer dossiês falsos em relação a adversários.
O Brasil está cansado daqueles que se apropriaram do Estado Brasileiro em benefício próprio, ou em busca de um projeto de poder. Vamos redemocratizar o Brasil. Respeitar os adversários, ter generosidade para com os cidadãos, cuidar da saúde, cuidar da educação, cuidar da segurança pública com eficiência. É isso que me move e, a partir de hoje, fortalecidos no Piauí por essa extraordinária aliança que nos traz o seu apoio.
Sobre o Bolsa Família.
Os programas sociais que dão resultado serão mantidos pelo governo do PSDB e aprimorados. Em relação ao Bolsa Família, ele será mantido e será ampliado. O Bolsa Família nasce, na verdade, de uma construção do PSDB, no governo do presidente Fernando Henrique com o Bolsa Escola e Bolsa Alimentação, que são unificados e se transformam no Bolsa Família. Governar é melhorar aquilo que está dando certo e, obviamente, inovar. Programas sociais, que vêm dando certo, serão ampliados no governo do PSDB.