Em entrevista concedida na sexta-feira (7) à revista Veja, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comentou a atual crise econômica e política vivida pelo Brasil e a possibilidade de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, “será quase impossível a Dilma retomar as condições mínimas de governabilidade”.
Questionado sobre qual cenário seria pior para o Brasil, se mais três anos e meio do governo Dilma ou o impeachment, Aécio afirmou que não vê como romper o ciclo “perverso de incompetência e de visão ideológica arcaica” no qual o PT mergulhou o país sem um governo que resgate a confiança da população.
“Com o PT, o Brasil perdeu vinte anos de conquistas. A situação do país é muito grave, para qualquer governo. Mas só um governo que tenha capacidade de dizer a verdade à população – de forma que as pessoas reconheçam a razão dos sacrifícios, mas consigam enxergar lá adiante uma possibilidade real de melhoria – tem condições de encerrar essa espiral e dar início a um novo processo. O governo que está aí dá seguidas mostras de não ter condições de fazer isso”, apontou.
Em relação à possibilidade da presidente não terminar o mandato, o senador disse não querer antecipar cenários, mas lembrou que o governo “estabeleceu a mentira como método”.
“A presidente da República não vai conseguir resgatar as condições de governabilidade, pelo menos enquanto não tiver a coragem de vir a público reconhecer sua parcela de responsabilidade pelos sofrimentos que esta crise está impondo aos brasileiros. Quanto mais insistir em falsear a verdade, atribuindo os problemas à crise internacional ou ao agravamento da seca, mais distante estará de recuperar essas condições. Em política, o ativo mais precioso é o tempo. E o PT perdeu esse tempo”, reiterou.
Impeachment
Sobre os dados divulgados pela pesquisa Datafolha, que mostraram que 63% dos brasileiros apoiam a abertura do processo de impeachment contra Dilma, Aécio destacou que sua posição é de “respeito à Constituição, e o impeachment é uma previsão constitucional”. Ele enfatizou ainda que o impedimento não ocorrerá por desejo das oposições, mas pela “combinação de um conjunto de fatores, que inclui obrigatoriamente a comprovação de culpa por crimes”.
“Portanto, que fique claro que um desfecho amparado pela Constituição não pode ser tratado como tentativa de golpe. Golpeiam aqueles que tentam impedir o desfecho no âmbito da Constituição. Não sei se há hoje os elementos de culpa, mas nada impede que eles surjam mais adiante. O relatório do ministro Augusto Nardes, do TCU, é bem firme quando afirma que houve pedaladas fiscais, e as evidências de que a campanha de Dilma recebeu dinheiro ilegal se acumulam. Se isso for comprovado, a lei está aí para ser cumprida. Cumprir a lei é respeitar a democracia”, explicou.
Ajuste
Questionado sobre o ajuste que o PSDB faria caso tivesse ganhado as eleições, o presidente nacional do partido afirmou que o resultado viria mais rapidamente e com impacto muito maior.
“O ajuste do PSDB teria uma dosagem bem mais fraca, mas produziria resultado mais rapidamente e com impacto muito maior. A retomada dos investimentos seria imediata. O ajuste do PSDB restauraria a credibilidade. Com a volta da confiança, tudo entra nos eixos. Um governo confiável poderia promover, em curtíssimo prazo, a redução da taxa de juros. Em boa medida, a disparada atual dos juros se deve à tentativa estabanada do Banco Central de restaurar a confiança. Enxergo o ministro da Fazenda cada vez mais isolado. O mais grave é ele não poder dizer em alto e bom som que as medidas do ajuste aprovadas até agora não funcionam por causa da herança maldita de sua própria chefe. Temos um ministro da Fazenda manietado”, completou.