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“O PT é o partido dos dois discursos”, afirma Walter Feldman

Para o deputado, o PT tem um histórico de atitudes contraditórias

Brasília – Frente aos constantes apagões e à visível fragilidade do sistema energético nacional, o governo federal anunciou, no sábado (27), que todas as usinas termoelétricas disponíveis entrarão em funcionamento a partir desta semana para recuperar o volume dos reservatórios de água e evitar novos blecautes. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as represas apresentam o pior nível de armazenamento de água dos últimos 11 anos em algumas regiões. É o caso das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, com 47,89% de sua capacidade.

A parte inusitada é que a mesma contratação das usinas, feita pelo governo Fernando Henrique Cardoso como medida de gerenciamento da crise energética de 2001, foi duramente criticada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), à época. O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP) vê com ironia a súbita mudança de posicionamento do executivo. “Todo esse cinismo não é uma surpresa. O PT é o partido dos dois discursos, adota aquele que mais se adapta ao momento. Na oposição, era um. No governo, é outro”.

Para o titular da Comissão de Minas e Energia da Câmara, a legenda tem um histórico de atitudes contraditórias. “Isso é o que eles fazem: o FHC arruma a casa e o PT chama de herança maldita. Depois, se aproveitam da arrumação e se apropriam das conquistas do PSDB, que apresentam como se fossem projeto deles. Foi assim no governo federal e vai ser a mesma coisa, em São Paulo”, avalia.

Problemas – A justificativa do governo federal para os blecautes é que o problema não é a falta de energia, e sim falhas na operação do sistema elétrico e nas linhas de transmissão. Segundo o tucano, isso só evidencia o despreparo da administração pública para lidar com os assuntos da área energética. “Criticaram as privatizações e depois fizeram. A mesma coisa com as concessões e as termoelétricas. A verdade é que o PT não tem capacidade de fazer uma gestão de crise”, afirma. “O que o partido tem em mãos hoje é muito mais fácil de resolver do que a questão de 2001, e ainda assim eles apresentam uma resposta bem mais demorada”, critica.

Antes mesmo dos últimos quatro apagões, que ocorreram em um intervalo de 35 dias, o Tribunal de Contas da União (TCU) já alertava o governo para a necessidade de mais investimentos na manutenção do sistema. Em junho deste ano, o órgão cobrou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o cumprimento de determinações que tratavam da realização de estudos para avaliar as condições operativas do sistema em caso de colapso e da verificação de riscos de blecautes.

De acordo com dados da própria Aneel, o brasileiro ficou em média 19 horas sem energia no ano passado, índice que ultrapassa a marca alcançada no auge da crise energética de 2001, na ocasião, estimada em 18 horas.

Termoelétricas – Usinas termoelétricas são instalações industriais utilizadas para a geração de eletricidade a partir da energia liberada pela queima de combustíveis como gás natural, carvão mineral e outras fontes renováveis e não renováveis. Têm a vantagem de poder ser construídas próximas a centros urbanos, diminuindo a extensão das linhas de transmissão e minimizando possíveis desperdícios. A atual rede de termoelétricas foi contratada pelo governo FHC para funcionar como uma opção para a geração de energia em caso de longos períodos de estiagem. Até então, o país era totalmente dependente de seus recursos hídricos.

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