Hoje no caderno “Economia” do Estadão, o artigo “O papel de Levy”, de Monica Baumgarten de Bolle em defesa de Levy. Para justificar seu desiderato diz: “Confesso que jamais vi um chefe de governo em campanha para se reeleger afirmar que fizera errado durante os anos em que governara”. Há controvérsias, mas tudo bem. Mas vem o arremate: “Portanto, a reviravolta de Dilma é só fato político corriqueiro, nada que deva ser levado tão a sério pelos analistas sérios – os não sérios são outra história, história bastante desinteressante, aliás”. Oh dona Monica, a senhora não precisa se contaminar com a intolerância e o autocratismo de nossa temerária presidente. Aos fatos.
O que fez Levy até agora para transformar o déficit em superávit? Quase exclusivamente açoitar o lombo dos brasileiros, especialmente dos que menos ganham. Na energia aumentos já chegam a 65% e podem chegar a 100% este ano. Nos combustíveis, outra paulada. Sabemos que é necessário realinhar preços para corrigir os desastres de Dilma. Mas não seria possível transição menos contundente? Por exemplo, Levy já determinou que o Tesouro não vai aportar recursos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), como fez nos anos anteriores. Só aí são R$ 23,21 bilhões que serão jogados na conta de luz este ano! Claro que dá para cortar ao menos pela metade a CDE. Porque não faz? Nos combustíveis, o preço do petróleo caiu pela metade mas aqui os derivados já aumentaram. Para arrematar, mais impostos,daqueles que todos pagam, tenham a renda que tiverem.
O verdadeiro papel de Levy, usando frase de dona Monica, deveria ser enfrentar a esbórnia deste governo Dilma/PT. Em entrevista para o Estadão em 25/01, “Levy é uma ilha em um mar de mediocridade”, Armínio Fraga fala sobre as medidas tomadas por Levy: “Ele está focando mais do lado da receita do que do gasto…Num governo carregado de ideologia, de corrupção e de incompetência, não há nada para cortar? É lógico que tem muita gordura para cortar e, se houvesse um corte de 10% em todas as instâncias, a população nem ia notar.”
Edmar Bacha em entrevista para o jornal Valor Econômico de 14/01, fala sobre o ajuste fiscal “Acho que essas coisas, quanto mais forem feitas pelo lado do corte de despesas, melhor são… Portanto, se quiser fazer ajuste menos doloroso, terá que ser mais pelo lado do corte de gastos e de gastos que são improdutivos.” Como são, dona Monica, os que decorrem do inchaço e apodrecimento da máquina pública. Estes, pelo menos até aqui, Levy só tangenciou.
Dona Monica, contribuir para enfrentar desafios prescinde de idealizar Levy e registrar obviedades como sinal de distinção de ministros deste governo. O bom debate deve encorajar o ministro a fazer o que precisa ser feito para tirar o Brasil do atoleiro sem empobrecer mais ainda os brasileiros.