O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, afirmou, nesta quinta-feira (09/10), no Rio de Janeiro (RJ), que o país reage com indignação à divulgação de trechos do depoimento em que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa detalha o desvio de recursos financeiros da empresa para o PT. Para Aécio, o esquema denunciado por Costa mostra que a atuação da organização criminosa descoberta pela Polícia Federal na estatal era institucionalizada por meio de ações que viraram rotina na empresa.
“Não posso deixar de registrar mais uma surpresa que traz a mim e, tenho certeza, a milhões de brasileiros, o sentimento da indignação em relação àquilo que fizeram com as nossas empresas”, afirmou Aécio, em entrevista coletiva à imprensa.
O candidato classificou como “organização criminosa” o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. “O vazamento da delação premiada de alguém que integrava esse esquema que a Polícia Federal chama de organização criminosa no seio da Petrobras aponta na direção de algo institucionalizado e que envolve diretamente o tesoureiro do partido político que governa o Brasil há 12 anos”, destacou.
Depoimento
O depoimento de Paulo Roberto Costa à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal foi feito como parte da delação premiada acertada por sua defesa. Costa está preso pelo envolvimento em lavagem de dinheiro com o doleiro Alberto Youssef e é investigado por irregularidades na Petrobras, como um esquema de pagamento de propinas. No trecho revelado pela imprensa, Costa diz que uma das pessoas que recebiam dinheiro desse esquema da Petrobras era João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
Aécio lembrou que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi condenado e cumpre pena por seu envolvimento no escândalo do Mensalão. “O ex-tesoureiro do PT foi condenado e preso exatamente por utilizar dinheiro público para projetos individuais ou partidários. Ele foi sucedido por esse tesoureiro [Vaccari], que é denunciado pelo próprio grupo, por integrantes da própria quadrilha. Isso é extremamente grave.”
Para o candidato à Presidência, a partir das revelações sobre o escândalo, os eleitores farão um novo julgamento sobre o cenário político nacional. “Nós temos que aguardar para que toda essa delação, todas essas informações cheguem aos brasileiros para que eles possam fazer o julgamento ainda mais adequado em relação ao que querem. Querem isso, querem a continuidade disso que nós estamos assistindo no Brasil? O caminho é muito claro. Querem algo novo, algo decente, algo eficiente? Eu estou apresentando essa alternativa ao Brasil”, afirmou ele.
Aécio reiterou que não é possível aceitar como “normal” o que ocorreu na Petrobras. “Ninguém no Brasil pode achar que é normal, que é aceitável esse conjunto de ações extremamente nefastas, perversas, que se introduziu na máquina pública brasileira e virou rotina. Não é a oposição que está denunciando, é um diretor indicado por este governo, um doleiro que atuava dentro desse esquema, que dizem que esse esquema alimentava diretamente o partido que está no governo. Em qualquer país do mundo isso seria talvez o maior escândalo da história”, acrescentou.
Ao ser questionado sobre o que pode ser feito no governo para evitar esse tipo de ação, Aécio foi objetivo: “Vamos fazer o desmonte do aparelhamento da máquina pública, com a profissionalização das agências reguladoras, que também viraram instrumento de ação política. Nós vamos qualificar a indicação dos nomes para a gestão pública, qualificar o Estado. O Estado tem que ter compromisso com o resultado, não tem que ter compromisso com a companheirada. O Estado brasileiro tem que melhorar a saúde, melhorara educação, ser mais eficiente no enfrentamento da criminalidade”.