A licitação do trem-bala foi adiada, diz o ministro, para daqui um ano. Como eu previa, não vai acontecer. Foi pro espaço. Afinal alguma notícia boa esse governo conseguiu produzir. Ou não produzir.
A obra foi anunciada por Lula como uma das ações associadas à Copa do Mundo de 2014. Passou o tempo, e o trem-bala tornou-se um dos empreendimentos ligados às Olimpíadas do Rio de 2016. Agora, a previsão é entregá-lo em 2020. Piada.
O trem-bala começou custando R$ 19 bilhões. Ao longo do tempo, seu custo foi subindo até chegar aos R$ 38 bilhões oficialmente admitidos atualmente por Brasília. Ninguém em sã consciência acredita, porém, que a obra saia por menos de R$ 55 bilhões – com o governo federal assumindo todos os riscos do projeto. Tudo isso para atender 20 mil pessoas por dia. Malabarismos de toda ordem foram feitos para viabilizar o empreendimento, durante mais de cinco anos. Ainda assim, ninguém quer se arriscar.
Com esta montanha de dinheiro, dá para triplicar a rede de metrô de São Paulo, que transporta atualmente 4 milhões de pessoas por dia. Ou construir milhares de quilômetros de ferrovias para cargas e passageiros, resolvendo problemas de mobilidade urbana nos grandes centros e dando um impulso decidido à competitividade dos produtos brasileiros – e abrindo, inclusive, novos corredores de exportação na direção da região Norte.
Dona Dilma não se dá por vencida. O projeto ainda não está de todo sepultado. O governo continuará torrando dinheiro (R$ 80 milhões) na execução do projeto, não o executivo, final, que custará muito mais. E sem saber a tecnologia dos trens que poderão vir a trafegar pela linha. E ainda almeja lançar a obra, provavelmente em 2015, na suposição de que a população brasileira cometerá a imprudência de dar uma segunda chance a ela.
Já o programa de concessões (privatizações) de obras de infraestrutura completa um ano nesta quinta-feira sem que um único leilão tenha sido realizado. Pelo cronograma inicial, a esta altura já era para 7.500 km de rodovias e 10 mil km de ferrovias já terem sido concedidos à exploração privada.