*Marco Vinholi
Na 6ª feira (23/5) fui surpreendido com a matéria “Condenação agrava isolamento de tucano no PSDB e no Sebrae”, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em seu ambiente on-line, e, no dia seguinte (24/5), no impresso. A primeira reação que tive ao me deparar com a notícia foi checar se eu era, mesmo, condenado, se havia sido submetido, nos últimos dias, a algum julgamento do qual eu não tinha conhecimento. Ao verificar que não havia nada novo, cheguei à conclusão que a reportagem travestida de “breaking news” tinha como base uma movimentação processual em curso de dois anos atrás. Logo, um prato requentado servido frio.
A matéria, inclusive, ignorou completamente a movimentação mais recente da ação, que, à luz da nova legislação (lei 14.230/2021), estabelece que, casos como o citado, tipificados no artigo 11 da lei de improbidade e sem dolo específico, não são considerados improbidade administrativa. Com grande desproporcionalidade para os lados, a matéria da a entender que sou condenado de um processo que ainda está em julgamento e que jamais me impediu de exercer meus diretos políticos e de cidadão nos últimos anos, assim como as funções públicas em que atuei sempre honrosamente e com grande reconhecimento.
A reportagem é tão absurda que faz exercício de suposição de que eu não fui candidato em 2022 por conta da existência da ação. Ora, me exonerei do Governo do Estado de São Paulo, onde era secretário de Desenvolvimento Regional, em abril do ano passado, com a intenção de ser candidato a suplente do Senado Federal – algo que a própria Folha de S. Paulo noticiou meses antes. Tinha, ainda, a responsabilidade de coordenar a pré-campanha a presidente do ex-governador João Doria, na época, filiado ao PSDB, e fui o representante legal da coligação de Rodrigo Garcia (PSDB), então governador em exercício e postulante à reeleição. Essas informações, aliás, foram amplamente divulgadas pela Imprensa. Basta uma breve consulta na Internet.
Não contando mais com a participação no pleito do jornalista e apresentador José Luiz Datena, cotado para ser o postulante ao Senado pela nossa coligação, eu não quis ser candidato a deputado (nem federal, nem estadual), justamente para poder me dedicar ao PSDB e às suas necessidades. Não achava, também, correto concorrer à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e à uma cadeira no Congresso Nacional com companheiros a quem eu mesmo havia pedido tanto para permanecerem em ninho tucano, aos quais eu havia incentivado se lançarem às urnas. Seria, no mínimo, de minha parte, desonesto e leviano. Avaliei, naquele momento, que uma candidatura minha poderia, inclusive, atrapalhar os candidatos majoritários, e que, desta forma, eu seria mais útil me dedicando às campanhas. E assim foi.
O “isolamento” sugerido pela matéria da Folha de S. Paulo é baseado em concepções daqueles que querem o meu lugar, seja onde for. Isso está claro para mim. A notícia deu voz a opiniões de anônimos, personagens obscuros, também chamados no decorrer do injusto texto de “detratores”, sem que houvesse espaço para uma fonte que pudesse me defender. O Jornalismo que ouve os dois lados, na matéria ao meu respeito, estava com ouvidos moucos.
E não para por aí: o jornal traz a tese dos detratores de que a culpa da desfiliação de prefeitos de São Paulo do PSDB é da Executiva Estadual da sigla. Com isso a reportagem me parece também desconhecer suas fontes (as afeitas ao off). Se dependessem delas, esses prefeitos nem mesmo teriam sido eleitos ou vindo para o partido.
Não esperem de minha parte fomentar a desunião, criticar algum membro do partido por meio da Imprensa ou mandar recado pelo jornal. Porém, não podemos tolerar jogo sujo, onde os fins justificam os meios. Conversei com muitos militantes tucanos durante esses últimos dias e o sentimento de todos é de que podemos e vamos realizar no estado de São Paulo um grande processo de construção coletiva, incluindo o fortalecimento de candidaturas para 2024, para prefeito, vice-prefeito e vereadores.
É hora de potencializarmos nossas bases, debatermos programas e políticas públicas e seguirmos em frente na defesa da socialdemocracia. Mentiras, desinformação e expediente rasteiro não ajudarão em nada.
Marco Vinholi é presidente da Executiva Estadual do PSDB de São Paulo