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Os jovens-velhos

Ney Vilela

Foram estudantes destemidos que trouxeram o pensamento liberal para as serranias mineiras, no período do ouro, ainda no século XVIII. No século XIX, nossos valorosos jovens estiveram na linha de frente na luta abolicionista.

A morte de quatro estudantes (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), numa manifestação pela reconstitucionalização do Brasil, serviu de estopim para a Revolução de 1932. Na luta contra a ditadura do Estado Novo tombaram os estudantes Jayme da Silva Telles, no Rio de Janeiro, e Demócrito de Souza Filho, no Recife.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) surgiu, em 1937, na luta pela melhoria do ensino e da qualidade de vida dos estudantes. Escapando ao enquadramento clientelista esboçado pelo ditador Getúlio Vargas, a UNE combateu o Estado Novo, o nazifascismo e empurrou o Brasil para a luta contra Hitler.

Foi nessa época que os estudantes tomaram o prédio do Clube Germânia, situado na Praia do Flamengo, 132: esse foi o endereço da UNE até abril de 1964.

Em defesa dos interesses brasileiros, a UNE soube reconhecer a necessidade de apoiar Vargas, anos depois, na luta pela criação da PETROBRÁS. A favor da democracia, a UNE foi às ruas para defender a posse de João Goulart, em 1961.

No decorrer do Regime Tecnocrático-Militar (1964-1985), estudantes derramaram seu sangue na luta pelas liberdades democráticas: o paraense Edson Luis de Lima Souto morreu, mal completados 18 anos, numa manifestação no restaurante estudantil do Calabouço; Alexandre Vannuchi Leme e Honestino Guimarães foram imolados pela sanguinária maquina de repressão aos subversivos, durante o governo Médici. O último presidente militar, João Figueiredo, demoliu o prédio que sediava a UNE, em junho de 1980, na esperança de minar o moral da entidade: fracassou.

A UNE lutou contra o Regime Militar, esteve na linha de frente da campanha Diretas-Já e jogou Fernando Collor na lixeira da História. Mas, o que todos os governantes autoritários queriam fazer (desmobilizar e desmoralizar a juventude brasileira), um grupamento ideológico antiquado logrou realizar: o PC do B alojou-se na direção da UNE, corrompendo os ideais libertários e democráticos da instituição.

Um estudante profissional assumido de 27 anos, o senhor Augusto Chagas, tornou-se presidente da UNE, numa eleição indireta em que participaram aproximadamente 0,05% dos estudantes do país.

Este senhor, que há dez anos frequenta os bancos universitários, recebeu algumas centenas de milhares de reais para realizar a eleição indireta que o sufragou, além de mais um milhão de reais de patrocínio cultural (!) da PETROBRÁS para a realização do Congresso. Talvez seja mesmo correto chamar de patrocínio cultural à encenação realizada pelos militantes do PCdoB…

Anestesiada por verbas do Governo Federal, a direção atual da UNE decidiu-se pelo apoio irrestrito ao governo Lula da Silva, por se tornar linha auxiliar da campanha de Dilma Roussef à presidência, por desconsiderar os escândalos do Senado, por apoiar José Sarney, por fazer vistas grossas à reabilitação política de Fernando Collor de Mello (que a UNE ajudou a derrubar quando o senhor Augusto Chagas iniciava a sua carreira de estudante), e por arrecadar dinheiro público sem prestar contas à sociedade.

Em resumo: no momento presente, os jovens brasileiros lideram as estatísticas de mortalidade no trânsito, de homicídios, de criminalidade em geral, são a maioria dos desempregados e sofrem as consequências espirituais e materiais de uma formação educacional ineficiente. É injusto que, além de todos esses sofrimentos, tenham a sua mais importante entidade representativa dominada pelos anacrônicos, mastodônticos e corruptos seguidores do comunismo maoísta.

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