Jayme Lerner, ex-prefeito de Curitiba, defende em recente artigo que o nó da mobilidade urbana só pode ser desatado se os gestores do transporte público – no caso sorocabano, prefeito, secretário de Transportes, presidente da Urbes – entenderem a necessidade da boa operação do sistema, quaisquer que sejam os modais que o integrem.
Pouco adianta investir enormes somas e implantar cinco ou dez quilômetros de metrô, de alto desempenho, se a maioria dos usuários do transporte público continua a depender de modais sem qualidade: ônibus detonados, táxis não confiáveis e assim por diante.
Mais fácil, eficiente e viável, em seu entendimento, é “metronizar” o transporte público, dando aos ônibus a performance de metrô, com vias expressas, corredores exclusivos, estações de pagamento antecipado e embarque rápido. O resultado é melhor pela sua abrangência, custa 50 vezes menos e pode ser alcançando muito mais rapidamente.
Condição indispensável é um desenho urbano favorável à integração das funções citadinas, o oposto da cidade fatiada, em que a moradia está aqui, o trabalho lá e o lazer acolá, multiplicando os deslocamentos evitáveis.
“Num cenário ideal – remata ele – o transporte público se tornará o principal meio de locomoção das pessoas do trabalho para a escola”, ficando o carro, “cada vez mais restrito aos momentos de lazer”.
É uma voz a ser ouvida. Em sua gestão na Prefeitura de Curitiba, Lerner implantou o modelo BRT, copiado hoje em mais de 150 cidades ao redor do mundo.
Sorocaba está se somando ao grupo, com a vantagem de ter um bom nível de integração, com bairros que somam, à função de moradia, crescente oferta de comércio e serviços especializados. Neles, as atividades de lazer tendem a se ampliar com o uso dos parques, praças, centros esportivos e demais espaços propícios à socialização e ao uso saudável do tempo livre. Condições que tornam menos complicado desatar o nó da mobilidade.
*Artigo publicado pelo jornal Bom Dia Sorocaba em 28 de agosto de 2013