O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em entrevista publicada nesta sexta-feira (28) na Folha de S. Paulo, disse que nesta a presidente da Petrobras, Graça Foster, perdeu a “capacidade de comandar” a estatal depois que afirmou ignorar o comitê interno da refinaria de Pasadena (no Texas, nos Estados Unidos), mesmo com a estatal conhecendo há mais de sete anos o órgão. A entrevista foi publicada com destaque pelo jornal.
De acordo com Aécio, Foster se “contaminou” com a versão do “eu não sabia” propagada por membros do governo federal, numa referência ao ex-presidente Lula que usou a expressão para negar, em 2005, ter conhecimento do mensalão.
“É o que mais nós ouvimos do governo a todo o momento e inclusive isso é herdado do governo anterior. Não é adequado que uma presidente que conhece a companhia como conhece a presidente Graça, por quem eu tenho enorme respeito pessoal, minha conterrânea, dê uma desculpa como essa. Isso nos assusta a todos”, disse o tucano.
Aécio acrescentou que, apesar de considerar Foster uma “mulher de bem”, sua credibilidade ficou abalada após as denúncias envolvendo a compra da refinaria de Pasadena. “Acho que as forças que estão no seu entorno são tão poderosas e mandam tanto que se chegou ao cúmulo de ter um comitê que ela próprio desconhecia e decidindo o destino de milhões e milhões de dólares da companhia.”
Segundo a Folha de S. Paulo, a Petrobras conhece há mais de sete anos o comitê interno da refinaria de Pasadena cuja existência a presidente da estatal, Graça Foster, afirmou ignorar até o início desta semana.
Em entrevista ao jornal “O Globo” na quarta-feira, Graça disse que não sabia da existência do comitê e não conhecia suas atribuições e seu poder, nem que o representante da estatal era Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que foi preso pela Polícia Federal na semana passada.
Na quarta-feira (26), Graça Foster anunciou a criação de uma comissão de sindicância interna para investigar a aquisição da refinaria e o funcionamento do comitê de proprietários, que está descrito em detalhes no acordo de acionistas de 2006.
Pelo documento, as decisões estratégicas na refinara eram tomadas por maioria no conselho de diretores, formado por três executivos de cada lado. Se não houvesse acordo sobre algum assunto, a questão deveria ser remetida ao comitê, que tinha que decidir por unanimidade.