Cada vez menos líderes do PT acreditam no argumento do “golpe” para tentar salvar o mandato da presidente afastada Dilma Rousseff. Um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministros aconselharem a retirada da expressão na “Carta ao Povo Brasileiro” – que será divulgada pela petista –, agora foi a vez do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também criticar o seu uso. Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo desta quinta-feira (10), o petista confessou que a palavra “golpe” é “um pouco dura” para classificar o processo de impeachment de Dilma.
Para o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), nem o PT quer mais a volta da presidente Dilma. “Dada à total incapacidade de gerir o Brasil e retirar o país da crise que ela própria e o partido criaram, por malversação de dinheiro público, corrupção e um projeto de perpetuação do poder”, afirma o parlamentar, que é candidato à prefeitura de Ribeirão Preto.
Sobre as declarações do prefeito de São Paulo, o tucano afirma que é mais uma tentativa inócua do petista de desvincular sua imagem de Dilma e do PT, por conta da busca pela reeleição. “Haddad, que é o quarto colocado nas pesquisas e é candidato à reeleição, desesperadamente, tenta criar fatos para ver se sua campanha passa de um só dígito [9%]. Ele não chega nem 10% nas pesquisas e a chance de ganhar a eleição é praticamente nula hoje. Então, essas declarações, na verdade, são fatos que demonstram o desespero nessa fase inicial da campanha”, diz Duarte.
Já a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) ressalta que o uso do discurso do golpe foi construída a partir de uma retórica vazia. “Ela desfacelou isso diante da verdade, da situação econômica no país, da votação no Senado, do desemprego e chega uma hora que a mentira passa a ser insustentável”, declarou.
Segundo o Estadão, além de condenar o uso da palavra “golpe”, o prefeito Haddad também afirmou que Dilma não será acionada para a maioria das campanhas eleitorais do PT em outubro – em um claro sinal de que a presença da presidente afastada não é bem-vinda. Às vésperas do julgamento final do processo de impeachment, que deve ser iniciado em 23 de agosto no Senado, cresce o distanciamento entre o partido e Dilma, e muitos petistas acreditam que ela possa prejudicar suas candidaturas.
“Eles [Haddad e candidatos do PT] querem distância de Dilma”, afirma Duarte Nogueira. “Hoje, quando Dilma bota a cara na campanha, ela está trazendo a mentira, a corrupção, a negligência, a crise econômica, o desemprego, é isso que se associa à imagem dela”, completa Gabrilli.
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