A demora do governo em apresentar uma proposta de reajuste para os servidores é uma “política equivocada” e vem aumentando o movimento grevista.
Temporada de negociação não está encerrada, diz ministro
Governo afirma que dará resposta aos grevistas na próxima semana
A avaliação é do sindicalista Pedro Armengol, coordenador do setor público da CUT. (FLÁVIA FOREQUE)
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Folha – O cenário de crise econômica internacional não requer mais cautela com despesas públicas, como vem alegando o governo?
Pedro Armengol – Não achamos esse discurso coerente. Não é dessa forma que entendemos que se administra a crise. O projeto político e econômico do Brasil é de manter a renda para se manter o consumo. A maioria das pautas trata de manter o poder de compra dos salários. E, do ponto de vista fiscal, o Brasil está muito bem.
O governo ainda não apresentou uma proposta. Como isso afeta a paralisação?
Isso é uma política equivocada. Temos que quebrar a concepção de só falar com o servidor no momento em que esse conflito leva a desgastes e prejuízos à população.
Na greve se dialoga. Os trabalhadores apresentaram uma pauta de reivindicações e o governo acha que essa pauta é inexequível. Então, o governo que coloque qual é a pauta exequível.
Houve mudança na relação entre governo e grevistas?
Nós temos uma cultura no Estado brasileiro de que primeiro se espera o que acontece para depois dialogar. A greve dos docentes federais, por exemplo: quase três meses em paralisação e agora o governo vem colocar uma proposta na mesa. O governo não pode ser indiferente a esse conflito.