A menos de 24 horas do início do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa à CPI Mista que investiga a estatal, o deputado Izalci (DF) disse que não acredita na possibilidade de qualquer revelação bombástica e criticou a conduta dos governistas no colegiado.
“Esperava que o presidente (senador Vital do Rêgo – PMDB/PB) e o relator (deputado Marco Maia – PT/RS)fizessem o mínimo de esforço para conseguir junto ao Ministério Público Federal e ao Rodrigo Janot (procurador-geral da República) a cópia da delação”, disse o parlamentar, que integra a comissão. “Vejo que não houve nenhum esforço nesse sentido. O que me decepciona muito. Sinal de que a CPMI, seu relator, seu presidente e a base não têm interesse de mostrar à sociedade os envolvidos”, acrescentou.
Izalci reprovou especialmente o desempenho de Maia nas investigações. “Ele está no tempo e na conveniência dele. Se tivesse interesse de mostrar ao país o que está acontecendo, estaria já com a documentação em mãos”, enfatizou. “Se houvesse vontade política, já teriam conseguido a cópia dos documentos. Até porque a Constituição garante isso. Infelizmente, não está sendo cobrado.”
Em entrevista ao blog do Josias de Souza, na noite de segunda-feira (15), o deputado Carlos Sampaio (SP), titular do PSDB no colegiado, afirmou que Costa “certamente vai dizer aquilo que o Ministério Público o orientou a dizer. Talvez diga que não pode falar. Então, vamos propor a transformação da reunião numa sessão sigilosa, sem jornalistas e assessores”.
SEM ALGEMAS – A vinda de Costa a Brasília para depor na comissão foi autorizada na segunda pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Segundo o despacho do juiz, o ex-diretor, que está preso no Paraná, não deverá ser algemado, tem o direito constitucional de não responder as perguntas e pode contar com assistência de advogado. Costa será escoltado pela Polícia Federal e a segurança dele, enquanto estiver no Congresso, ficará a cargo da PF e da polícia legislativa.
O ex-diretor foi preso em março deste ano na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob acusação de participar de um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef que teria movimentado R$ 10 bilhões. Chegou a ser solto em maio por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mas voltou à carceragem da PF em 11 de junho. No entendimento da Justiça, ele poderia fugir, já que mantinha ocultos US$ 23 milhões em contas na Suíça.
No fim de agosto, assinou acordo de delação premiada e, desde então, tem detalhado a policiais federais e procuradores o esquema e apontado os beneficiários dele, como governadores, deputados, senadores e ministro de Estado, conforme revelou a revista “Veja” há aproximadamente 10 dias.